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TERCEIRA IDADE
Para médico, recursos vão para tratamento
Sem programas de prevenção, idoso custa 27% da verba da saúde
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A população acima de 60 anos
representa hoje 9% dos brasileiros ou 15,8 milhões de pessoas.
Seus gastos em saúde, porém,
atingem R$ 6 bilhões, ou 27% do
orçamento da saúde.
Nesse ritmo, quando somarem
32 milhões em 2020, ou 12% da
população, os idosos estarão consumindo mais de 40% de todos os
gastos em saúde. O mais grave é
que boa parte do dinheiro vem
sendo empregada para tratar e internar o idoso -quando o ideal
seria investir na prevenção de
doenças já a partir da meia-idade.
O alerta foi feito ontem em Brasília no 7º Congresso Brasileiro de
Saúde Coletiva pelo médico Renato Veras, diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade.
No congresso, estão sendo apresentados quase 400 trabalhos sobre idosos, de todos os Estados.
"Há muita gente preocupada,
mas falta colocar em prática uma
política global, estabelecida em
1999." Para Veras, os anos de vida
ganhos pelo idoso têm que merecer atenção especial, do contrário
afetarão os serviços de saúde e as
contas da Previdência.
Na sua opinião, a questão dos
idosos -acima de 60 anos- necessita de um aval e de um esforço
político igual ou maior ao recebido pela epidemia da Aids ou pelas
questões ligadas à terra.
No programa de metas apresentado na abertura do congresso pelo ministro Humberto Costa, a
vacinação dos idosos aparece como uma das prioridades. "Precisamos de muito mais", diz Veras.
Em termos de valores, os gastos
podem parecer enormes: os R$ 6
bilhões que os idosos consomem
por ano representam mais do que
os orçamentos somados de pastas
como Cultura, Turismo, Esporte,
Ciência e Tecnologia.
Na avaliação de Renato Veras,
parte da batalha já está perdida.
Das 119 escolas médicas do país,
apenas quatro possuem a cadeira
de geriatria. Dos 259 mil médicos
em atividade no Brasil, só 550
possuem o título de especialista
conferido pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Em contrapartida, os idosos,
que eram 2 milhões em 1950, saltaram para 6 milhões em 1975 e
são agora 15,8 milhões. A cada
ano, 650 mil pessoas são incorporadas à faixa de idosos no país.
O repórter AURELIANO BIANCARELLI viajou a convite da Abrasco (Associação
Brasileira de Saúde Coletiva)
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