São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2007 |
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GILBERTO DIMENSTEIN "Muro das Memórias" Registrar a calmaria de uma São Paulo extinta há muito tempo faz parte do projeto "Muro das Memórias"
Q
UEM PASSAR PELA esquina das
ruas Henrique Schaumann e
Cardeal Arcoverde, em Pinheiros (zona oeste da capital paulista), vai ver ressurgir o velho bonde, lembrado apenas pelos moradores mais antigos de São Paulo.
É a lembrança de um bairro ainda
pacato que comemora, neste mês,
447 anos -a dificuldade de manter a
memória foi o que levou um grafiteiro, autor do painel, a descobrir o prazer de conhecer a história paulistana. "Estou adorando fazer essa viagem pelo tempo e compartilhá-la
com a cidade", diz Eduardo Kobra. Grafiteiro desde os 11 anos de idade, Kobra apenas recentemente se interessou em enveredar pela pintura de cenas do passado. Em 2005, caiu-lhe nas mãos um livro com fotos do porto de Santos na década de 1920. Resolveu fazer um teste em um muro da avenida Sumaré (em Perdizes, zona oeste), no qual retrata um grupo de trabalhadores com sacos nas costas abastecendo um navio. Preferiu fazer o painel em preto-e-branco, destoando do colorido berrante de seus grafites. Começou, então, a percorrer arquivos em busca de cenas antigas paulistanas. "Não tinha a menor idéia de como era a cidade." Encantou-se em especial com a avenida Paulista, na qual trafegavam bondes e cujas calçadas eram decoradas com ipês. Conseguiu um espaço privilegiado, no Shopping Center 3, naquela avenida, para reproduzir uma das fotos que encontrou num museu. A rua Direita de 1900 foi reproduzida num muro da avenida Hélio Pellegrino (zona sul). "A reação do público me deu a vontade de sair registrando esse tipo de cena por toda a cidade." Para presentear o bairro aniversariante, Kobra resolveu lhe dar um painel, instalado sobre o antigo largo de Pinheiros -obteve o apoio de uma empresa (Suvinil) para ganhar as tintas. Seu plano é, pelo menos até o final do ano, fazer mais cinco intervenções. Antes mesmo de concluído, o bonde de Pinheiros já encantou os religiosos da Igreja do Calvário, que decidiram oferecer ao grafiteiro um espaço ainda mais nobre: o muro de cerca de 200 metros quadrados que fica não ao lado, mas na frente da igreja. "Eu me sinto como se fosse uma espécie de professor de história." Com a diferença que sua sala é ocupada por pedestres e motoristas. gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Caixa-preta do Airbus indica falha de piloto Próximo Texto: A cidade é sua: Leitora se queixa de atitude de marronzinho na porta de escola Índice |
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