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Pedágio aumenta, mas obra na via Dutra não avança
Várias intervenções previstas no início da concessão, em 1995, não acabaram; algumas nem saíram do papel
Segundo a NovaDutra, o dinheiro foi insuficiente porque a maioria das obras custou mais e outras foram inseridas
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
No papel, a Rodovia Presidente Dutra concluiria neste
ano as últimas obras importantes previstas na concessão federal, de 1995.
Na prática, brechas no
contrato impedem que aumentos sucessivos de pedágio se transformem em investimentos na principal via do
país. A Dutra opera atualmente acima da capacidade
nos principais trechos.
No plano de obras do início da concessão, estavam
programadas a construção,
até 2005, de novas marginais
em 38 km de extensão em
São Paulo, São José dos Campos e Rio de Janeiro.
Os viadutos de Pindamonhangaba e Guaratinguetá
deveriam estar prontos em
2001. E a duplicação da serra
das Araras (RJ), neste ano.
Nada está pronto. Das marginais, ainda faltam 22 km, segundo a concessionária.
O número de veículos pedagiados está acima do estimado inicialmente. Reajustes na tarifa base do pedágio
(TBF) elevaram-na de R$ 2,39
para R$ 2,77. Como o índice
de inflação que aumenta o
pedágio é aplicado sobre a
TBF, a cada reajuste o valor
pago pelo usuário fica ainda
maior (na última semana o
preço passou de R$ 8,80 para
R$ 9,20 por praça).
Da primeira tarifa de pedágio (que foi de R$ 2,67) até a
aplicada hoje, o preço subiu
3,5 vezes. Ao vencer o leilão,
a NovaDutra pediu um lucro
de 17,5% sobre o gasto total
da concessão. Nas concessões atuais, o percentual é de
8%. E a NovaDutra já consegue lucrar mais que o patamar desejado.
Pelo contrato original, a
concessionária teria que investir R$ 2,6 bilhões em obras
e equipamentos em 25 anos.
Num intervalo de 15 anos,
aplicou R$ 2,3 bilhões.
FROUXIDÃO
A Federação das Indústrias do Rio apelou à Justiça
para que a concessionária e o
governo expliquem os atrasos. Segundo Cristiano Prado, diretor do órgão, há um
"jogo de empurra".
Para técnicos ouvidos pela
Folha, o contrato foi mal
concebido e falta uma fiscalização mais rigorosa.
O contrato tem um plano
de investimentos rígido.
Quando as obras custam
mais do que o previsto, há
compensação. Segundo a
NovaDutra, a maioria das
obras custou mais e novas foram inseridas. Por isso, o dinheiro teria sido insuficiente.
Nesta inclusão, o governo
permitiu que a NovaDutra
cobrasse a obra pela taxa de
lucro de 1995, o que elevou os
ganhos da concessionária.
O Tribunal de Contas da
União está prestes a determinar que a ANTT (Agência Reguladora de Transportes Terrestres), que fiscaliza o contrato, não autorize mais
obras com o lucro antigo.
Em 2009, a ANTT encontrou uma forma para fazer
parte das marginais, os viadutos e outras obras: autorizou dois novos pontos de pedágio. Com isso, foram obtidos mais R$ 250 milhões de
investimentos, chegando aos
R$ 2,9 bilhões no contrato.
Dentro das chamadas novas obras, está a construção
de 11 km previstos em 1995.
Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, de
Brasília
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