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SAÚDE
Comida orgânica já está no menu do brasileiro
SILVIA RUIZ
da Reportagem Local
A comida orgânica, moda que
invadiu países como Inglaterra e
Alemanha, começa a conquistar
adeptos no Brasil. Em São Paulo,
onde já existem feiras, serviços de
entrega em domicílio e até restaurantes especializados, esse mercado cresceu 20% no ano passado.
Ao contrário da alimentação vegetariana ou de outras correntes
naturalistas, a culinária orgânica
inclui tudo o que é consumido na
alimentação convencional, do
hambúrguer ao chocolate e até vinho. A diferença é que todos os
ingredientes são cultivados, produzidos e processados sem o uso
de agrotóxicos, produtos químicos para conservação ou alterações genéticas.
Os adeptos da comida orgânica
acreditam que esses aditivos químicos causam, a longo prazo, danos ao organismo. Além disso,
eles têm uma preocupação ecológica: temem o impacto de pesticidas e transgênicos (alimentos
modificados geneticamente pela
biotecnologia) no meio ambiente.
Eles também defendem os animais e se recusam a comer carne
de frango e de gado criados confinados, à base de ração.
Os defensores da comida orgânica garantem que ela é mais saborosa e nutritiva. Pelo menos no
caso do ovo isso é verdade.
Uma análise comparativa, realizada pela Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo) revelou que os
ovos de galinhas criadas soltas são
quatro vezes mais ricos em vitamina A que os ovos de galinhas de
granja. ""As galinhas soltas se alimentam de folhas e gramíneas,
fontes dessa vitamina", diz a nutricionista Marilene Penteado,
que conduziu o estudo.
Quanto aos vegetais e às frutas,
a nutricionista diz que não é possível afirmar com certeza que os
orgânicos são mais nutritivos que
os convencionais.
O assunto tem causado muita
polêmica. Não há estudos conclusivos sobre os efeitos de todos os
aditivos químicos no organismo a
longo prazo ou sobre os benefícios reais da comida orgânica.
Especialistas em nutrição e toxicologistas concordam que o ideal
seria que toda comida fosse livre
de produtos potencialmente tóxicos, mas dizem que seria impossível produzir alimentos para toda
a população pelo sistema orgânico. Eles garantem que, se usados
de forma adequada e controlada,
os agrotóxicos não oferecem riscos à saúde.
""Qualquer substância pode ser
nociva. O que faz a toxicidade é a
dose. O problema é que, no Brasil,
é difícil ter essa certeza", diz a toxicologista Elisabeth Nascimento,
professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
E as denúncias de abuso no uso
de agrotóxicos no país não são
poucas. Documento da FAO (Organização da Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação) aponta o Brasil como um dos países
que mais exageram na aplicação
de pesticidas.
No final do ano passado, por
exemplo, O Instituto Biológico, ligado à Secretaria da Agricultura
do Estado de São Paulo, analisou
35 amostras de morangos e encontrou resíduos de pesticidas em
83% do lote.
Dependendo da dose ingerida,
há riscos para o consumidor.
""Praguicidas em excesso podem
causar diarréia, intoxicação alimentar e até mesmo problemas
neurológicos", diz Nascimento.
Entre os alimentos com mais
chances de apresentar resíduos
estão o morango, a uva, a laranja,
o tomate e a batata, segundo o
professor de fitopatologia da Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz, da USP, Hasime Tokeshi.
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