DA REPORTAGEM LOCAL

Na calada da noite. Foi assim que vereadores descreveram as circunstâncias em que o Plano Diretor, projeto mais complexo e polêmico da gestão Marta Suplicy (PT), foi alterado, antes de ser aprovado, na manhã do dia 23.
As mudanças, que transformaram o zoneamento de trechos pontuais da cidade, fazendo com que pudessem abrigar imóveis maiores, com usos comerciais e de serviços, e não apenas residenciais, pegaram muitos parlamentares de surpresa e geraram atritos na Câmara Municipal.
Apesar de o projeto ter sido aprovado com o voto favorável de 43 dos 55 vereadores, a revelação de que as mudanças -feitas de última hora, e durante a madrugada- foram encomendadas por membros da base governista, por intermédio do ex-líder do governo José Mentor (PT) provocou uma crise entre os petistas e um racha na bancada.
A informação foi dada à Folha pelo relator do projeto, Nabil Bonduki (PT). Segundo Bonduki, que disse não saber quem foram os autores das mudanças, Mentor teria entregue o pacote de emendas condicionando sua incorporação ao apoio dos aliados ao projeto, que precisava de pelo menos 33 votos para ser aprovado.
Mentor negou que tenha agido como líder do governo e negociado as mudanças, mas afirmou ter sido o portador de emendas sugeridas pelos vereadores. O parlamentar, no entanto, disse não se lembrar quem foram os autores e qual o conteúdo das emendas que recebeu.
As divergências entre os petistas tornaram-se mais evidentes quando seis dos 16 vereadores do partido -incluindo Carlos Giannazi, que está suspenso- assinaram uma carta, endossada por membros do PSDB, PPB e PC do B, entre outros partidos, manifestando-se contra as mudanças.
O documento, enviado à prefeita Marta Suplicy na última quinta-feira, pedia o veto ao artigo do plano que sofreu as alterações.
A prefeita tem até o dia 16 para aprovar ou vetar as mudanças.


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