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Promotor que matou rapaz entra em férias
Ministério Público deu 30 dias a Thales Schoedl, a pedido dele, e só definirá após esse período a cidade em que ele atuará
Ele iria trabalhar em Jales a partir de segunda-feira; mãe da vítima afirma
que, se pudesse, o condenaria à pena de morte
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
JORGE SOUFEN JR
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Ministério Público Estadual concedeu 30 dias de férias
ao promotor Thales Ferri
Schoedl, a pedido dele. A Promotoria informou que somente
após esse período vai definir a
cidade onde o promotor atuará.
Até ontem, estava certo que
Schoedl trabalharia a partir de
segunda-feira em Jales (a 585
quilômetros de São Paulo), o
que motivou protestos na cidade. Ele é o assassino confesso
de Diego Mendes Modanez,
morto em 2004, e sustenta a tese de legítima defesa. Diego viveu na cidade do interior entre
1995 e 1996.
Na quarta-feira, o promotor
teve o cargo mantido pelo Órgão Especial do Colégio de Procuradores do Ministério Público. Foram 16 votos a favor e 15
contrários à permanência.
Com o vitaliciamento,
Schoedl continuará recebendo
o salário (atualmente cerca de
R$ 10,5 mil mensais) mesmo se
for condenado pelo homicídio e
pela tentativa -ele baleou outro rapaz, que sobreviveu.
Mais: ele não irá a júri popular, como ocorre normalmente
em casos de assassinato, e será
julgado pelo Órgão Especial do
Tribunal de Justiça.
O anúncio da nomeação para
Jales revoltou moradores locais. Até a mudança de planos
do Ministério Público, a Câmara de Jales planejava um ato de
repúdio contra a chegada dele.
Pena de morte
Ontem, a empresária Sonia
Mendes Ferreira Modanez, 49,
mãe de Diego, disse, que, se pudesse, condenaria o promotor à
morte. "Sou a favor [da pena de
morte]. Claro que existem casos e casos, também. Não vamos ser radicais", afirmou Sonia. Quando a Folha perguntou
se, no caso específico, o promotor deveria ser condenado à
morte, ela foi taxativa: "Pena
de morte, sim senhor".
Antes de saber das férias do
promotor, a empresária afirmou que estaria em Jales na segunda-feira para participar de
protestos contra o promotor.
"Enquanto eu respirar, vou
lutar até o fim dos meus dias
para que ele seja expulso da
Promotoria", disse Sonia. "Não
é digno para Jales receber um
promotor desses. Com que moral esse promotor vai trabalhar,
defender, inocentar ou incriminar outra pessoa?"
A empresária afirmou, ainda,
que o promotor mentiu ao afirmar que atirou em Diego em legítima defesa. "Doze tiros não
são legítima defesa. Meu filho
estava desarmado. É mentira o
que estão falando, que mexeram com a namorada dele
[Schoedl]. A pivô da morte do
meu filho é passado para ele:
hoje ele está com outra."
Pichações
Ela fez críticas às pichações
feitas anteontem em um muro
de uma casa em frente à do promotor, na zona sul de São Paulo
-entre as frases, podiam-se ler
"mudem as leis", "Justiça" e
"Ministério Público, a vergonha do Brasil".
"Não acho isso legal. A família dele, a casa, as pessoas têm
que ser respeitadas. Isso não irá ajudar", afirmou.
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