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Procurador compara caso de promotor a Jesus para justificar seu voto a favor do réu
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador René Pereira
de Carvalho, um dos 16 membros do Ministério Público de
São Paulo que votaram pela
permanência do promotor
Thales Ferri Schoedl nos quadros da instituição, disse que o
argumento vencedor observou
apenas os "critérios objetivos",
e não o clamor público que, para ele, nem sempre é correto.
"Se o clamor público fosse
correto, sempre correto, não
precisaria de lei. O clamor público tem suas falhas. O clamor
público deixou [Adolf] Hitler
fazer o que ele fez, o clamor público crucificou Jesus contra
Barrabás. O clamor nem sempre corresponde a uma ação legítima", afirmou o procurador.
Carvalho é o quarto mais antigo na carreira no Estado e esteve por três vezes na lista tríplice para o cargo de procurador-geral, que é definido pelo
governador de São Paulo.
Para o procurador, o Órgão
Especial não poderia reverter a
decisão do Conselho Superior
do Ministério Público de São
Paulo, que concedeu, em março, o vitaliciamento a Thales.
"Não podia [votar contra
Thales], não tinha cabimento
isso. Seria anulável pelo Tribunal [de Justiça]. Não temos esse
poder. Esse poder é do Conselho Superior. Eu não vou jogar
essa bomba na mão do Tribunal. Os desembargadores são
nossos amigos", afirmou.
De acordo com o Ministério
Público, porém, o Órgão Especial tem, sim, poderes para mudar a decisão e seria necessário
apenas maioria simples para
mudar o futuro do promotor.
Caso contrário, ainda segundo
a instituição, não teria lógica a
realização da votação.
Será justamente o clamor público o principal argumento do
advogado Pedro Lazarini, 46,
para tentar reverter a decisão
do Ministério Público de São
Paulo no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
Para ele, há um grande número de pessoas inconformadas com a posição dos procuradores paulistas em aceitar como membro um réu confesso
em assassinato.
"Cristo foi crucificado porque na época não tinha o conselho nacional", afirmou Lazarini, em resposta ao procurador.
O advogado disse esperar ser
publicada no "Diário Oficial"
do Estado a decisão a favor de
Thales para apresentar seu pedido no CNMP.
A Folha procurou ontem 12
procuradores que participaram da decisão, mas apenas
Carvalho foi localizado e aceitou falar com a reportagem.
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