São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Xarope que pode causar arritmia é retirado do mercado

O laboratório alemão Boehringer anunciou o recolhimento do Silomat, usado contra tosse, após detectar problemas

Remédio era vendido no Brasil há 40 anos em uma versão e há 24 anos em outra e consumido por cerca de 2 milhões de pessoas/ ano

DA REPORTAGEM LOCAL

A fabricante de medicamentos alemã Boehringer Ingelheim decidiu retirar do mercado os xaropes Silomat e Silomat Plus, que são usados para o tratamento da tosse.
A medida -que também vale para os produtos com apresentação em gotas- foi tomada após estudos da empresa na Europa indicarem que a substância cloridrato de clobutinol, base dos medicamentos, pode causar arritmia cardíaca.
Além do Silomat, a substância está presente em genéricos apresentados em 12 variações, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Até a conclusão desta edição, a agência não havia informado se seguiria o mesmo procedimento e ordenaria o recolhimento dos genéricos.
O Silomat é vendido no Brasil há 40 anos, e sua versão Plus (que inclui um antialérgico), há 24. Eles eram consumidos por cerca de 2 milhões de pessoas por ano, segundo a empresa, e as vendas aconteciam sem a necessidade de apresentar receita médica. Entre os antitussígenos, era o mais vendido no país, informou a Anvisa.
O diretor médico científico da Boehringer Ingelheim no Brasil, José Carlos Breviglieri, disse que a iniciativa de retirar os medicamentos do mercado foi do próprio laboratório. "Estamos fazendo isso como uma medida preventiva e ética."
Desde ontem, equipes percorrem as farmácias para fazer o recolhimentos dos produtos.
Breviglieri afirmou que os pacientes que consumiram os medicamentos não devem se preocupar, pois a arritmia só poderia ocorrer durante o uso dos remédios, e não após.
A Anvisa informou que nunca houve registro de problema de arritmia relacionado ao uso do medicamento no Brasil. Já a Boehringer disse que não houve nenhum problema grave desde o lançamento do produto no mercado mundial.
Foram dois casos de usuários do medicamento que apresentaram arritmia que levaram a empresa a investigar a possível correlação. Quarenta e oito pessoas participaram dos estudos e a arritmia cardíaca foi verificada em algumas delas.
Segundo Breviglieri, os usuários não devem jogar os produtos fora porque o laboratório está estabelecendo um plano de ressarcimento. "O paciente poderá ir até a farmácia e será ressarcido."
O diretor de fiscalização do Procon, Paulo Arthur Góes, afirmou que o consumidor tem esse direito. "Ele deve levar a nota fiscal ou então será ressarcido pelo preço de mercado."
Ele disse também que o laboratório deve fazer uma campanha de comunicação por TV, rádio e meios impressos para informar como devem proceder as pessoas que compraram os medicamentos. (MÁRCIO PINHO)

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