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Xarope que pode causar arritmia é retirado do mercado
O laboratório alemão Boehringer anunciou o recolhimento do Silomat, usado contra tosse, após detectar problemas
Remédio era vendido no Brasil há 40 anos em uma versão e há 24 anos em outra e consumido por cerca de 2 milhões de pessoas/ ano
DA REPORTAGEM LOCAL
A fabricante de medicamentos alemã Boehringer Ingelheim decidiu retirar do mercado os xaropes Silomat e Silomat
Plus, que são usados para o tratamento da tosse.
A medida -que também vale
para os produtos com apresentação em gotas- foi tomada
após estudos da empresa na
Europa indicarem que a substância cloridrato de clobutinol,
base dos medicamentos, pode
causar arritmia cardíaca.
Além do Silomat, a substância está presente em genéricos
apresentados em 12 variações,
segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Até a conclusão desta edição, a
agência não havia informado se
seguiria o mesmo procedimento e ordenaria o recolhimento
dos genéricos.
O Silomat é vendido no Brasil
há 40 anos, e sua versão Plus
(que inclui um antialérgico), há
24. Eles eram consumidos por
cerca de 2 milhões de pessoas
por ano, segundo a empresa, e
as vendas aconteciam sem a necessidade de apresentar receita
médica. Entre os antitussígenos, era o mais vendido no país,
informou a Anvisa.
O diretor médico científico
da Boehringer Ingelheim no
Brasil, José Carlos Breviglieri,
disse que a iniciativa de retirar
os medicamentos do mercado
foi do próprio laboratório. "Estamos fazendo isso como uma
medida preventiva e ética."
Desde ontem, equipes percorrem as farmácias para fazer
o recolhimentos dos produtos.
Breviglieri afirmou que os
pacientes que consumiram os
medicamentos não devem se
preocupar, pois a arritmia só
poderia ocorrer durante o uso
dos remédios, e não após.
A Anvisa informou que nunca houve registro de problema
de arritmia relacionado ao uso
do medicamento no Brasil. Já a
Boehringer disse que não houve nenhum problema grave
desde o lançamento do produto
no mercado mundial.
Foram dois casos de usuários
do medicamento que apresentaram arritmia que levaram a
empresa a investigar a possível
correlação. Quarenta e oito
pessoas participaram dos estudos e a arritmia cardíaca foi verificada em algumas delas.
Segundo Breviglieri, os usuários não devem jogar os produtos fora porque o laboratório
está estabelecendo um plano
de ressarcimento. "O paciente
poderá ir até a farmácia e será
ressarcido."
O diretor de fiscalização do
Procon, Paulo Arthur Góes,
afirmou que o consumidor tem
esse direito. "Ele deve levar a
nota fiscal ou então será ressarcido pelo preço de mercado."
Ele disse também que o laboratório deve fazer uma campanha de comunicação por TV,
rádio e meios impressos para
informar como devem proceder as pessoas que compraram
os medicamentos.
(MÁRCIO PINHO)
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