São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2008

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Plano de construtoras prevê 54 viadutos, 44 avenidas e 18 pontes

Finalizado a pouco mais de um mês das eleições, documento tem projeções ilustrativas e estimativas de custo de cada obra

Das 200 intervenções, 58% são consideradas pequenas, com preço de até R$ 30 mi, e quase um terço já consta dos planos do poder público


DA REPORTAGEM LOCAL

"São Paulo por um trânsito melhor", o plano de obras viárias das construtoras para a capital paulista, contempla 54 viadutos, 18 pontes, 44 novas avenidas, 26 alargamentos ou duplicações, 36 passagens subterrâneas e 13 túneis.
O documento de 149 páginas tem projeções ilustrativas e estimativas de custo de cada uma das 200 obras. Foi finalizado a pouco mais de um mês das eleições, como resultado do trabalho de uma consultoria liderada por Francisco Moreno Neto, engenheiro e ex-professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
"O Estado brasileiro, em todos os níveis, perdeu a capacidade de formular projetos, de pré-desenhar a cidade. Opta por uma interlocução privilegiada com os grandes empreiteiros", afirma Raquel Rolnik, que já foi secretária de programas urbanos do Ministério das Cidades no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre os projetos sugeridos pelas construtoras há, na região central, um "mergulhão" (seqüência de passagens subterrâneas) de R$ 323 milhões na avenida do Estado, do parque Dom Pedro até a avenida Cruzeiro do Sul.
"São obras tentadoras para quem anda de carro. Mas grande parte é pouco prioritária, num contexto em que há pouco dinheiro", diz Claudio Barbieri, professor do departamento de transportes da Poli-USP.
No transporte coletivo, há destaque para os 258 km de novas pistas exclusivas para ônibus, especialmente no corredor da 23 de Maio até a avenida Interlagos.

Alívio localizado
A proposta das empreiteiras não envolve só grandes obras: 58% delas são intervenções consideradas pequenas, pelo preço de até R$ 30 milhões.
Parte dos projetos recupera idéias antigas e quase um terço já consta também dos planos do poder público -como a criação de um corredor de caminhões na avenida dos Bandeirantes, de um túnel entre a avenida Jornalista Roberto Marinho e a rodovia dos Imigrantes, de uma pista auxiliar na marginal Tietê e de um corredor paralelo à via, do Piqueri à Casa Verde.
"As novas vias podem trazer alívios localizados. Mas, em São Paulo, viaduto é sempre a menor distância entre dois pontos congestionados", afirma Jaime Waisman, professor da USP.
As empreiteiras calculam ser possível executá-lo nos próximos quatro anos com uma reserva pouco superior a 10% do Orçamento da prefeitura, estimado em R$ 25 bilhões/ano.
Para tanto, seria necessário mais do que triplicar a expectativa de gastos em novas obras viárias pela gestão Gilberto Kassab (DEM) -que prevê até 2012 para o setor R$ 4 bilhões.


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