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Prostituição na Espanha leva 9 brasileiros à prisão
Polícia local acusa grupo de integrar rede de exploração sexual masculina
Autoridades relatam
que brasileiros eram
forçados a se prostituir
por muitas horas, sob
efeito de Viagra e drogas
ROBERTO DIAS
EM BARCELONA
Nove brasileiros foram
presos ontem acusados de
integrar uma rede de prostituição de homens na Espanha. Foi a primeira vez que
uma organização desse tipo
foi desmantelada no país.
Segundo a polícia espanhola, o esquema pode ter
até 80 integrantes, a maioria
do Brasil. A rede era comandada em Palma de Mallorca
(ilhas Baleares) e operava em
várias províncias.
Foram 14 presos em cinco
cidades -os nove brasileiros, um venezuelano e quatro espanhóis.
A polícia diz que os brasileiros -recrutados em sua
maioria no Maranhão-eram
enganados sobretudo com
respeito às condições de trabalho (cobrava-se deles mais
do que esperavam), mas não
sobre a atividade que os
aguardava na Espanha.
No país, como no Brasil,
prostituição não é crime, mas
a cafetinagem é.
A polícia não divulgou
quantos dos detidos são aliciadores. Mas mesmo os garotos de programa podem ser
acusados de crimes como tráfico de drogas, além de imigração ilegal.
DROGAS E VIAGRA
No esquema relatado, os
jovens recebiam passagens
aéreas, compradas com cartão de crédito clonado. Entravam na Europa por aeroportos de fora da Espanha.
Uma vez na Espanha, os
brasileiros eram enviados a
várias cidades, onde seus
serviços eram oferecidos aos
clientes -homens de renda e
idade das mais variadas.
Para trabalhar mais, recebiam cocaína, Viagra e poppers (droga vasodilatadora).
Cobravam cerca de € 60 (R$
130) e deixavam metade com
o dono do apartamento onde
trabalhavam, mais € 200
mensais pela moradia.
Além disso, eram obrigados, inclusive sob ameaça de
morte, a reembolsar o gasto
com a viagem à Espanha - o
valor chegava a € 4.000.
A investigação teve ajuda
do governo brasileiro e começou em fevereiro, a partir de
informações de um homem
recrutado pelo esquema. O
destino dos presos será decidido pela Justiça espanhola.
A Espanha é há muito um
destino de prostitutas do Brasil: levantamento de 2008 indicou que quatro de cada cinco das 2.500 que atuavam em
Mallorca eram brasileiras.
Naquele ano, o rigor da
imigração espanhola -com
muitas deportações- abriu
uma crise diplomática entre
Brasília e Madri.
Ontem, o anúncio do desmantelamento da quadrilha
detonou nova rodada de comentários xenófobos nos sites espanhóis.
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