São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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Governo espanhol mira anúncio de sexo

Esquema de prostituição masculina revelado ontem se apoiava na divulgação de classificados em jornais e sites

Presidente da Espanha afirma que esse tipo de publicação deve ser eliminada; tema divide maiores jornais do país

EM BARCELONA

O esquema revelado ontem pela polícia espanhola se apoiava na divulgação dos serviços dos brasileiros em classificados de jornais e em sites, inclusive com fotos.
O governo espanhol aproveitou as prisões para, de novo, centrar fogo contra a publicação desse tipo de anúncio na imprensa do país
É uma tecla que foi apertada pelo próprio presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, em seu último discurso, no mês passado.
"Os anúncios de prostituição devem ser eliminados. Enquanto existirem, estarão contribuindo para essa atividade", disse no Congresso.
Quem retomou o assunto ontem foi a secretária-geral de políticas de igualdade, Isabel Martínez. "Essa nova ação evidencia que por trás dos anúncios de prostituição existem delitos", disse à agência de notícias Efe.
Agenciar pessoas para o sexo é atividade proibida na Espanha, mas a prostituição em si não é vetada por lei, a ponto de haver casos como o da Catalunha, onde se exige atestado de saúde de mulheres que trabalham no meio.
E é em torno da legalidade da prostituição que gira boa parte da argumentação dos jornais que permitem esse tipo de publicidade.
"Nós não somos a polícia", diz o diretor do jornal "El Mundo", Pedro J. Ramírez. "Caso se investigue e se demonstre a existência dessas tramas, elas desaparecerão, assim como os anúncios."
Na Espanha, os três diários de maior tiragem ("El País", "El Mundo" e "ABC") não impõem restrições a esses classificados. Por outro lado, há casos como o do jornal "Público", que não só vetou tais anúncios como fez da decisão uma arma publicitária.
Estudo calcula em 40 milhões anuais (R$ 90 milhões) a receita da imprensa espanhola com esses anúncios.
No caso do "El País", a discussão interna sobre o que fazer chegou às páginas do jornal. A defensora dos leitores (cargo equivalente ao de ombudsman), Milagros Pérez Oliva, escreveu "que esses anúncios não deveriam ser publicados."
"Sei que se trata de uma polêmica muito velha e que os tempos de crise que vivemos não são propícios. Mas (...) é melhor dar o exemplo", disse. (ROBERTO DIAS)


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