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Governo espanhol mira anúncio de sexo
Esquema de prostituição masculina revelado ontem se apoiava na divulgação de classificados em jornais e sites
Presidente da Espanha afirma que esse tipo de publicação deve ser eliminada; tema divide maiores jornais do país
EM BARCELONA
O esquema revelado ontem pela polícia espanhola
se apoiava na divulgação dos
serviços dos brasileiros em
classificados de jornais e em
sites, inclusive com fotos.
O governo espanhol aproveitou as prisões para, de novo, centrar fogo contra a publicação desse tipo de anúncio na imprensa do país
É uma tecla que foi apertada pelo próprio presidente
do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, em seu último
discurso, no mês passado.
"Os anúncios de prostituição devem ser eliminados.
Enquanto existirem, estarão
contribuindo para essa atividade", disse no Congresso.
Quem retomou o assunto
ontem foi a secretária-geral
de políticas de igualdade,
Isabel Martínez. "Essa nova
ação evidencia que por trás
dos anúncios de prostituição
existem delitos", disse à
agência de notícias Efe.
Agenciar pessoas para o
sexo é atividade proibida na
Espanha, mas a prostituição
em si não é vetada por lei, a
ponto de haver casos como o
da Catalunha, onde se exige
atestado de saúde de mulheres que trabalham no meio.
E é em torno da legalidade
da prostituição que gira boa
parte da argumentação dos
jornais que permitem esse tipo de publicidade.
"Nós não somos a polícia",
diz o diretor do jornal "El
Mundo", Pedro J. Ramírez.
"Caso se investigue e se demonstre a existência dessas
tramas, elas desaparecerão,
assim como os anúncios."
Na Espanha, os três diários
de maior tiragem ("El País",
"El Mundo" e "ABC") não impõem restrições a esses classificados. Por outro lado, há
casos como o do jornal "Público", que não só vetou tais
anúncios como fez da decisão uma arma publicitária.
Estudo calcula em 40 milhões anuais (R$ 90 milhões)
a receita da imprensa espanhola com esses anúncios.
No caso do "El País", a discussão interna sobre o que
fazer chegou às páginas do
jornal. A defensora dos leitores (cargo equivalente ao de
ombudsman), Milagros Pérez Oliva, escreveu "que esses anúncios não deveriam
ser publicados."
"Sei que se trata de uma
polêmica muito velha e que
os tempos de crise que vivemos não são propícios. Mas
(...) é melhor dar o exemplo",
disse.
(ROBERTO DIAS)
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