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Clube veta parceiro gay como dependente
Paulistano rejeita mudar estatuto para permitir inclusão de companheiro homossexual como sócio-dependente
Pedido foi apresentado por médico e negado pelo conselho do clube, frequentado pela elite; casal vê discriminação
LETICIA DE CASTRO
GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO
Um casal de médicos homossexuais, que vivem juntos há seis anos, acusa o Clube Athlético Paulistano -frequentado pela elite de São
Paulo- de discriminação por
recusar a adesão de um deles
como sócio-dependente.
Associado do clube desde
criança, o médico infectologista Ricardo Tapajós, 45, pediu ao conselho do clube no
final do ano passado a inclusão de seu companheiro, o cirurgião plástico Mario Warde, 39, como dependente.
A decisão, negativa, saiu
no último dia 26. "Estamos
tristes. Somos discriminados
por sermos uma união homoafetiva", disse Tapajós,
que, 15 anos antes, conseguiu incluir a mãe de seus filhos, com quem não era casado, como dependente.
O estatuto do clube Paulistano entende como união estável a relação entre homem
e mulher. Para aceitar o novo
dependente, a maioria dos
220 conselheiros teria que ser
favorável a uma alteração no
estatuto, o que não ocorreu.
"O clube está seguindo o
estatuto, o Código Civil e a
Constituição. E a mudança
estatutária não foi aprovada", disse o diretor de comunicação, Celso Vergeiro.
Em entrevista à Folha, em
julho, o presidente do Paulistano, Antonio Carlos Vasconcellos Salem, disse que, em
caso de negativa do pedido,
eles poderiam ir à Justiça.
"Tudo depende do conselho. Se os conselheiros disserem que contradiz o estatuto,
não há o que falar. Se o casal
se sentir prejudicado, vai à
Justiça. Se o estatuto for alterado, tudo bem, é a vontade
dos sócios", afirmou à época.
VIDA EM COMUM
Segundo a advogada
Adriana Galvão, presidente
do Comitê de Estudos Sobre
Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Tapajós pode pedir a inclusão judicialmente, além
de alegar danos morais, se
provar a discriminação.
"É preciso comprovar a vida em comum. O clube também não é obrigado a aceitar
uma relação esporádica. A
decisão foi pautada pelo medo de aceitar uma nova realidade. Isso não se justifica."
Os conselheiros mais antigos entendem que o correto
seria que o dependente comprasse o título, que custa R$
5.000, e arcasse com o valor
da transferência (R$ 180 mil).
Colaborou VINICIUS QUEIROZ GALVÃO
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