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Especialistas cogitam combinação de erros
DA REPORTAGEM LOCAL
As hipóteses de especialistas
para uma possível colisão entre
as duas aeronaves envolvem
uma combinação de falhas de
equipamentos ou humanas.
Os dois aviões tinham um
sistema conhecido como TCAS
(Traffic Collision Avoidance
System), tecnologia anticolisão
que reconhece a proximidade
de um "intruso" ao trocar informações com um transponder instalado nas aeronaves.
Ele dá alertas sonoros e visuais.
Uma das possibilidades envolve a falha dos TCAS. Mesmo
assim, isso não deveria ser suficiente para um choque, já que
os pilotos devem receber informações dos radares e dos controladores do tráfego aéreo que
trabalham por terra -especialmente numa região do Brasil
considerada bem monitorada.
A própria Aeronáutica ressalta em orientações internas
que os TCAS não são infalíveis.
As informações passadas por
eles podem ficar sujeitas a interferências até de tempo.
Adalberto Febeliano, presidente da Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral), considera mais plausível ter havido
algum problema de aferição incorreta da altitude por parte de
uma das aeronaves. Com isso, a
informação de sua altura transmitida, por meio do transponder, para TCAS de outros
aviões e operadores da torre de
controle fica comprometida.
Essa hipótese foi citada como
bastante factível por outros
dois especialistas contatados.
A possibilidade de falha humana poderia estar ligada ao fato de algum dos pilotos ter adotado procedimento diferente
do orientado pelo sistema anticolisão -por exemplo, ir para a
direita, em vez da esquerda.
Mas também pode envolver
erros humanos em terra, por
parte de controladores de tráfego que não teriam atentado
para ou dado os devidos alertas
aos pilotos diante da constatação de um eventual choque.
Colisão famosa
Um das colisões famosas de
aeronaves se deu em 2002, entre um avião da Suíça e outro da
Rússia. Na ocasião, foi aventado que um dos TCAS estava
desligado para manutenção.
Além disso, foi constatada que
a indicação dada por controladores de tráfego e seguida por
um dos pilotos havia sido oposta à do sistema anticolisão.
Uma das informações em
apuração era a da ausência de
identificação do jato Legacy
nos mapas de controle aéreo.
Ou seja, a situação da aeronave
antes do acidente, incluindo
velocidade e altitude, não teria
sido dada por seu transponder.
O desligamento ou quebra
desse dispositivo, que troca informações com os TCAS, deixaria os vôos sob risco, requisitando tentativa de contato imediata da torre de controle. Se isso ocorreu, está na caixa-preta.
Entre aeronaves menores,
que voam em baixa altitude, a
desativação do transponder pode ser uma estratégia de um piloto que não quer ser identificado nem fiscalizado por motivos diversos -como por servir
a uma atividade clandestina.
Mas entre as maiores, como
as envolvidas no choque de anteontem, numa altitude superior a 30 mil pés, onde há monitoramento aéreo severo, a hipótese é considerada improvável por especialistas. Isso porque a falta do transponder em
condições desse tipo é detectada pelos controladores em terra -que são obrigados a contatar a tripulação na mesma hora.
"Seria não só irregular. Ela se
tornaria uma aeronave intrusa
e poderia ser abatida", afirma
George William César Sucupira, presidente da Associação de
Pilotos e Proprietários de Aeronaves.
(ALENCAR IZIDORO)
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