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RESGATE
Índios se mobilizam e ajudam nas buscas
Região, de difícil acesso, requer a presença de pára-quedistas, cordas e até rapel na procura das vítimas do acidente
Militares especializados em
resgate conseguiram descer
ontem em área próxima à
queda; acampamento deve
ser montado no local
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIO BRANCO
Um grupo com 11 indígenas
caiapós, liderados por Megaron
Txurracamãe, começou a percorrer ontem uma distância de
cerca de 40 km entre a aldeia
Piaruçú, cerca de 300 km de
Colíder (MT), até a confluência
dos rios Jarinã e Xingu para
ajudar no resgate das vítimas
do vôo 1907. Eles vão se unir
aos esforços de militares que,
com o uso de pára-quedas e rapel, tentam chegar ao local do
acidente.
Os índios iriam enfrentar um
percurso de sete horas em uma
lancha e também uma caminhada por uma área de floresta
densa até chegar ao local onde
caiu a aeronave.
A Funai (Fundação Nacional
do Índio) de Brasília está
apoiando a ação dos caiapós, índios conhecidos como guerreiros e com amplo domínio de como viver na floresta.
Por telefone, de Colíder, Megaron Txurracamãe, 56, disse
que o avião caiu na terra indígena Capoto-Jarinã, mas nenhum dos 80 índios que vivem
na aldeia Piaruçú, localidade
mais próxima da queda da aeronave, viu o acidente.
"Estão todos tristes. De repente, caiu um avião grandão
desse tipo dentro da nossa área.
É muito ruim", disse Megaron,
que é administrador regional
da Funai de Colíder.
A Folha falou com o indígena por volta das 14h (horário de
Brasília), meia hora antes de
ele sair de avião de Colíder para
a aldeia Piaruçú.
"[Da aldeia ] Piaraçú vamos
de barco até o rio Jarinã e de lá
seguiremos a pé até chegar ao
local [do acidente]. Vamos fazer o possível para ajudar. A
nossa ajuda é resgatar os corpos das pessoas mortas no acidente. Queremos ajudar porque somos gente, somos seres
humanos", disse Megaron.
Segundo o biólogo da Funai
de Colíder Luíz Carlos da Silva
Sampaio, as dificuldades que os
caiapós vão encontrar para
chegar ao local do acidente são
as curvas do rio Jarinã, que está
com o leito muito baixo, e risco
de picada de cobras.
"Esse é um papel que os caiapó sabem desempenhar muito
bem, por isso podem ajudar
bastante", disse Luís Carlos
Sampaio, biólogo da Funai de
Colíder que acompanhava a
operação.
Militares
Dois militares especializados
em resgate conseguiram descer
em área próxima ao acidente
somente às 13h30 de ontem,
quase 21 horas após o horário
estimado da queda do avião. Segundo nota conjunta da Aeronáutica, da Anac e da Infraero,
os militares trabalhavam na
tarde de ontem na abertura de
uma clareira na vegetação, forma de possibilitar o pouso dos
helicópteros de resgate.
A nota diz que dois pára-quedistas foram lançados na área
-localizada a 200 km ao sudeste de Peixoto de Azevedo
(MT)- para auxiliarem nos
trabalhos de abertura da mata.
A nota dizia não ser possível,
até então, "indicar a existência
ou não de sobreviventes".
Como por volta das 17h começaria a escurecer na região,
era provável que as equipes
montassem acampamentos para reiniciarem os trabalhos pela
manhã. Segundo o secretário
de Justiça e Segurança Pública
do Mato Grosso, Célio Wilson
de Oliveira, o resgate deverá
durar ao menos três dias.
Colaboraram a Sucursal de
Brasília e a Reportagem Local
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