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Duas histórias de crime dão fama à rua da zona sul
Na Zacarias de Góis, estão a casa dos Von Richthofen e o apartamento de Carla Cepollina, namorada de Ubiratan
"Criminosos não estão na rua, mas dentro das casas", brinca investigador; para moradora, via é tranqüila, "quase sem problemas"
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Zacarias de Góis foi um baiano de personalidade agitada e
contestadora que se enveredou
para a política durante o Império. Chegou a estar à frente do
Conselho de Ministros. Morreu em 1877, aos 62 anos.
Para que sua memória não
caísse no esquecimento, algum
vereador resolveu homenageá-lo em São Paulo, que fica a 1.962
km de Salvador.
Zacarias de Góis virou nome
de rua. Corta os bairros do
Campo Belo e Brooklin (zona
sul da capital paulista), predominantemente de classe média.
"É uma rua tranqüila, sem
perigo. Durmo com o portão da
garagem aberto. Quase não temos problemas. Raramente ouvimos falar até mesmo de furto
de veículos", conta Lucélia Samara, 53, administradora.
Mesmo assim, as pessoas
continuam sem saber quem foi
Zacarias de Góis.
"Quem?", pergunta Genivaldo, segurança de um trecho da
rua que ganhou fama. Não pelo
passado do nome do logradouro, mas por um presente violento e ao mesmo tempo sedutor de alguns de seus moradores atuais.
"Olha. Só sei que essa rua
aqui é da Suzane e da Carla",
completa o segurança, apontando para o número 232.
Lá, morava a então estudante
Suzane von Richthofen, agora
com 22 anos, condenada a 39
anos e seis meses de prisão por
participar da morte dos pais,
em 2002.
A cerca de 1.300 m dali reside
a advogada Carla Prinzivalli
Cepollina, 40, acusada pela polícia paulista de assassinar no
dia 9 o namorado, o coronel da
reserva da Polícia Militar e deputado estadual Ubiratan Guimarães, 63, no apartamento
dele, nos Jardins (também na
zona sul).
"Vou me mudar"
"Sério? Aquela Carla também mora nesta rua. Meu Deus,
acho que vou me mudar daqui!", ironiza a doméstica Júlia
Teixeira Lopes, que trabalha há
mais de sete anos numa das casas da Zacarias de Góis.
Duas belas mulheres acusadas de crimes numa rua sem
perigo, como havia definido Samara. Sim, uma rua sem muitos
riscos. De acordo com investigadores do 27º Distrito Policial,
que atendeu há quatro anos a
ocorrência na casa de alto padrão dos Von Richthofen, é isso
mesmo.
"Os criminosos da Zacarias
de Góis não estão na rua, mas
sim dentro das casas desta rua",
brinca o investigador José Ubiratan Paulo Guimarães, que,
curiosamente, é quase um homônimo do coronel morto.
As coincidências envolvendo
a via não param por aí. A namorada de Ubiratan -que já foi
ameaçado de morte pelo PCC
(Primeiro Comando da Capital)-, mora no terceiro andar
do condomínio Piazza d'Arte,
no 1.533. Essa numeração indica a sigla da facção criminosa
no alfabeto. Para a polícia paulista, a assassina do coronel foi
Carla, que nega a autoria do crime, e não o PCC.
Número 3
Após analisar os números relacionados a Carla, a Suzane e à
Zacarias de Góis, a terapeuta e
numeróloga Priscila D. Silva
-que pediu para ter seu nome
grafado assim, "para trazer boa
energia"- diz que o 3 está presente na via e na vida destas
duas mulheres.
"Ele tem um lado positivo e
outro negativo. Mas no caso delas, com uma vibração negativa.
E isso se alastrou por aquela
rua", diz Priscila.
Em outras palavras, a pessoa
com energia 3 negativa pode
causar a própria destruição e a
dos semelhantes também. Se
Suzane ou Carla acreditam nisso? Só elas poderão responder.
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