São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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Duas histórias de crime dão fama à rua da zona sul

Na Zacarias de Góis, estão a casa dos Von Richthofen e o apartamento de Carla Cepollina, namorada de Ubiratan

"Criminosos não estão na rua, mas dentro das casas", brinca investigador; para moradora, via é tranqüila, "quase sem problemas"

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Zacarias de Góis foi um baiano de personalidade agitada e contestadora que se enveredou para a política durante o Império. Chegou a estar à frente do Conselho de Ministros. Morreu em 1877, aos 62 anos.
Para que sua memória não caísse no esquecimento, algum vereador resolveu homenageá-lo em São Paulo, que fica a 1.962 km de Salvador.
Zacarias de Góis virou nome de rua. Corta os bairros do Campo Belo e Brooklin (zona sul da capital paulista), predominantemente de classe média.
"É uma rua tranqüila, sem perigo. Durmo com o portão da garagem aberto. Quase não temos problemas. Raramente ouvimos falar até mesmo de furto de veículos", conta Lucélia Samara, 53, administradora.
Mesmo assim, as pessoas continuam sem saber quem foi Zacarias de Góis.
"Quem?", pergunta Genivaldo, segurança de um trecho da rua que ganhou fama. Não pelo passado do nome do logradouro, mas por um presente violento e ao mesmo tempo sedutor de alguns de seus moradores atuais.
"Olha. Só sei que essa rua aqui é da Suzane e da Carla", completa o segurança, apontando para o número 232.
Lá, morava a então estudante Suzane von Richthofen, agora com 22 anos, condenada a 39 anos e seis meses de prisão por participar da morte dos pais, em 2002.
A cerca de 1.300 m dali reside a advogada Carla Prinzivalli Cepollina, 40, acusada pela polícia paulista de assassinar no dia 9 o namorado, o coronel da reserva da Polícia Militar e deputado estadual Ubiratan Guimarães, 63, no apartamento dele, nos Jardins (também na zona sul).

"Vou me mudar"
"Sério? Aquela Carla também mora nesta rua. Meu Deus, acho que vou me mudar daqui!", ironiza a doméstica Júlia Teixeira Lopes, que trabalha há mais de sete anos numa das casas da Zacarias de Góis.
Duas belas mulheres acusadas de crimes numa rua sem perigo, como havia definido Samara. Sim, uma rua sem muitos riscos. De acordo com investigadores do 27º Distrito Policial, que atendeu há quatro anos a ocorrência na casa de alto padrão dos Von Richthofen, é isso mesmo.
"Os criminosos da Zacarias de Góis não estão na rua, mas sim dentro das casas desta rua", brinca o investigador José Ubiratan Paulo Guimarães, que, curiosamente, é quase um homônimo do coronel morto.
As coincidências envolvendo a via não param por aí. A namorada de Ubiratan -que já foi ameaçado de morte pelo PCC (Primeiro Comando da Capital)-, mora no terceiro andar do condomínio Piazza d'Arte, no 1.533. Essa numeração indica a sigla da facção criminosa no alfabeto. Para a polícia paulista, a assassina do coronel foi Carla, que nega a autoria do crime, e não o PCC.

Número 3
Após analisar os números relacionados a Carla, a Suzane e à Zacarias de Góis, a terapeuta e numeróloga Priscila D. Silva -que pediu para ter seu nome grafado assim, "para trazer boa energia"- diz que o 3 está presente na via e na vida destas duas mulheres.
"Ele tem um lado positivo e outro negativo. Mas no caso delas, com uma vibração negativa. E isso se alastrou por aquela rua", diz Priscila.
Em outras palavras, a pessoa com energia 3 negativa pode causar a própria destruição e a dos semelhantes também. Se Suzane ou Carla acreditam nisso? Só elas poderão responder.


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