JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

Até anteontem não havia dúvida de que o rinovírus, uma das principais causas do resfriado comum, não sobrevivia por muitas horas no ambiente.
Mas para o professor Owen Hendley e seus colaboradores da Divisão de Infectologia Pediátrica da Universidade da Virgínia, EUA, a afirmativa não está 100% correta.
Hendley apresentou no dia 29, em São Francisco, Califórnia, durante os trabalhos da 46ª Conferência Anual Interciência sobre Agentes Antimicrobianos e Quimioterapia, os resultados de pesquisa realizada com objetos de uso diário, como telefone, controle remoto de TV e interruptores de luz por pacientes infectados pelo rinovírus.
A experiência comprovou a presença do rinovírus em até 24 horas após a manipulação dos objetos por pessoas portadoras do resfriado comum.
O estudo constou no recrutamento de pessoas portadoras do resfriado pelo rinovírus e que permaneceram por cinco horas em um quarto de hotel antes de se recostarem para passar a noite dormindo na cama.
Na manhã seguinte, permaneceram por mais duas horas no quarto. Os voluntários não receberam visitas e só lavaram as mãos após o uso do banheiro. Ao sair do hotel, os participantes do estudo apresentaram uma lista com os objetos que manipularam ou apenas pegaram ou tocaram.
Os pesquisadores observaram que, no dia seguinte ao da entrada no hotel pelos voluntários, 35% desses objetos apresentaram vírus residual e concluíram que os portadores do vírus do resfriado podem deixar seus germes em objetos que, por sua vez usados por outra pessoa, poderão torná-lo também portador desse vírus e outro possível transmissor do resfriado.
De há muito sabe-se que um aperto de mãos e outras formas de contato de pele com pele pode transmitir esse vírus de pessoa a pessoa.
Não há tratamento para o rinovírus, mas ele também não causa maiores dissabores do que o ter de livrar o nariz de uma coriza incômoda por um certo tempo.


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