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Preso do caso BC acusa policiais de extorsão
Suspeito foi preso na sexta, identificado como o homem que alugou casa e abriu empresa de fachada de onde partiu o túnel em Fortaleza
PF calcula que cerca de
R$ 50 milhões foram parar nas mãos dos "ladrões dos ladrões", entre eles policiais de São Paulo e do Ceará
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal está diante
de mais uma acusação de seqüestro e extorsão envolvendo
policiais de São Paulo e ladrões
do Banco Central de Fortaleza,
de onde foram levados R$ 164,7
milhões em 2005. A acusação
partiu de Jorge Luiz da Silva,
preso na sexta por suspeita de
ter alugado a casa e montado a
empresa de fachada de onde
saiu o túnel até o caixa-forte.
Silva confessou, segundo a
polícia, a participação no crime
e disse ter sido seqüestrado
duas vezes por policiais paulistas. O acusado, cuja identidade
a polícia desconhecia até um
mês atrás, declarou à PF ter pago cerca de R$ 800 mil pelo
próprio resgate. Não citou nomes dos supostos seqüestradores nem detalhes dos crimes.
A Secretaria da Segurança
Pública de São Paulo informou
que a Corregedoria da Polícia
Civil não tinha sido informada
pela PF do caso. Quando isso
ocorrer, ele será apurado.
Silva deve prestar depoimento hoje à Justiça Federal no
Ceará. Ele foi interrogado anteontem pelos policiais em
Brasília. Depois de monitorar
os passos dele durante um mês,
o delegado Antônio Celso decidiu prendê-lo antes da proibição prevista no Código Eleitoral -de 30 de setembro a sete
de outubro, os eleitores só podem ser presos em flagrante.
As acusações do assaltante
não surpreenderam a PF. Pelo
menos 11 seqüestros, três homicídios, um suicídio e dezenas
de ameaças envolvendo os personagens do furto ao BC já foram registrados pela PF nos últimos três anos. Calcula-se que
cerca de R$ 50 milhões foram
parar nas mãos dos "ladrões
dos ladrões", entre eles policiais de São Paulo e do Ceará.
Extorsão e assassinato
No início de setembro, o Supremo Tribunal Federal garantiu a liberdade de Vitor Gonzales. O investigador ficou um
ano e nove meses preso, acusado de exigir vantagem ilícita de
Raimundo Laurindo Barbosa
Neto, um dos integrantes da
quadrilha. Ele nega a extorsão.
"Os assaltantes não negam o
crime, mas para não entregar o
dinheiro roubado alegam que
foram extorquidos. É desculpa
para reter o lucro do crime",
disse José Rotondo, advogado
do policial.
Outros dois agentes foram
demitidos da Polícia Civil paulista acusados de participar do
seqüestro e assassinato de Luís
Fernando Ribeiro, o Fê, um dos
líderes do furto. A família dele
disse ter pago R$ 2,1 milhões de
resgate; Fê apareceu morto em
Minas. Os policiais respondem
ao processo em liberdade.
Três anos depois da ação cinematográfica protagonizada
por 36 ladrões, a polícia conseguiu recuperar cerca de R$ 60
milhões em dinheiro e bens.
Dezessete pessoas já foram
condenadas a até 53 anos.
Há um mês, a PF descobriu a
verdadeira identidade do homem contratado para alugar a
casa de onde partiu o túnel,
abrir com documentos falsos a
empresa de fachada PSS Grama
Sintética e ainda recepcionar
policiais e fiscais, durante a empreitada, com o falso nome de
Paulo Sérgio Souza.
A partir de declarações de integrantes da quadrilha, a PF
descobriu que Silva foi acusado
de participar de uma tentativa
frustada de roubo a banco em
2003 em Belo Horizonte junto
com parte do grupo que cavou o
túnel em Fortaleza.
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