São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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Preso do caso BC acusa policiais de extorsão

Suspeito foi preso na sexta, identificado como o homem que alugou casa e abriu empresa de fachada de onde partiu o túnel em Fortaleza

PF calcula que cerca de R$ 50 milhões foram parar nas mãos dos "ladrões dos ladrões", entre eles policiais de São Paulo e do Ceará

FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal está diante de mais uma acusação de seqüestro e extorsão envolvendo policiais de São Paulo e ladrões do Banco Central de Fortaleza, de onde foram levados R$ 164,7 milhões em 2005. A acusação partiu de Jorge Luiz da Silva, preso na sexta por suspeita de ter alugado a casa e montado a empresa de fachada de onde saiu o túnel até o caixa-forte.
Silva confessou, segundo a polícia, a participação no crime e disse ter sido seqüestrado duas vezes por policiais paulistas. O acusado, cuja identidade a polícia desconhecia até um mês atrás, declarou à PF ter pago cerca de R$ 800 mil pelo próprio resgate. Não citou nomes dos supostos seqüestradores nem detalhes dos crimes.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que a Corregedoria da Polícia Civil não tinha sido informada pela PF do caso. Quando isso ocorrer, ele será apurado.
Silva deve prestar depoimento hoje à Justiça Federal no Ceará. Ele foi interrogado anteontem pelos policiais em Brasília. Depois de monitorar os passos dele durante um mês, o delegado Antônio Celso decidiu prendê-lo antes da proibição prevista no Código Eleitoral -de 30 de setembro a sete de outubro, os eleitores só podem ser presos em flagrante.
As acusações do assaltante não surpreenderam a PF. Pelo menos 11 seqüestros, três homicídios, um suicídio e dezenas de ameaças envolvendo os personagens do furto ao BC já foram registrados pela PF nos últimos três anos. Calcula-se que cerca de R$ 50 milhões foram parar nas mãos dos "ladrões dos ladrões", entre eles policiais de São Paulo e do Ceará.

Extorsão e assassinato
No início de setembro, o Supremo Tribunal Federal garantiu a liberdade de Vitor Gonzales. O investigador ficou um ano e nove meses preso, acusado de exigir vantagem ilícita de Raimundo Laurindo Barbosa Neto, um dos integrantes da quadrilha. Ele nega a extorsão.
"Os assaltantes não negam o crime, mas para não entregar o dinheiro roubado alegam que foram extorquidos. É desculpa para reter o lucro do crime", disse José Rotondo, advogado do policial.
Outros dois agentes foram demitidos da Polícia Civil paulista acusados de participar do seqüestro e assassinato de Luís Fernando Ribeiro, o Fê, um dos líderes do furto. A família dele disse ter pago R$ 2,1 milhões de resgate; Fê apareceu morto em Minas. Os policiais respondem ao processo em liberdade.
Três anos depois da ação cinematográfica protagonizada por 36 ladrões, a polícia conseguiu recuperar cerca de R$ 60 milhões em dinheiro e bens. Dezessete pessoas já foram condenadas a até 53 anos.
Há um mês, a PF descobriu a verdadeira identidade do homem contratado para alugar a casa de onde partiu o túnel, abrir com documentos falsos a empresa de fachada PSS Grama Sintética e ainda recepcionar policiais e fiscais, durante a empreitada, com o falso nome de Paulo Sérgio Souza.
A partir de declarações de integrantes da quadrilha, a PF descobriu que Silva foi acusado de participar de uma tentativa frustada de roubo a banco em 2003 em Belo Horizonte junto com parte do grupo que cavou o túnel em Fortaleza.


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