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Justiça solta homem que foi preso por crime cometido por seu irmão
Júlio Soares estava detido havia um ano e meio após ser preso por engano
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE (MS)
A Justiça de Mato Grosso soltou um homem que estava preso havia um ano e seis meses
por um crime cometido por seu
irmão. A situação de Júlio Eglésias Soares, 31, foi descoberta
pela Defensoria Pública em
uma ação de rotina no presídio
Central de Cuiabá.
Preso depois de cometer um
furto a banco em 2003, em Barra do Garças (540 km de Cuiabá), Josias Eliel Soares, então
com 25 anos, identificou-se aos
policiais como sendo Júlio, seu
irmão um ano mais velho.
Com o nome do irmão, foi
condenado a quatro anos em
regime inicialmente fechado.
Fugiu pouco depois de obter a
progressão da pena. A Justiça
expediu um mandado de prisão
em nome de Júlio, que acabou
sendo cumprido no município
de Lebon Régis (348 km de Florianópolis-SC), onde ele morava com a mulher e dois filhos.
Ameaça
Júlio foi preso em 18 de abril
de 2007. Ainda em Santa Catarina, enquanto aguardava preso pela transferência, Júlio entrou em contato com o irmão à
procura de ajuda. Foi quando
descobriu o ocorrido. O irmão
não só não ajudou como o
ameaçou se contasse a verdade.
Só na semana passada, com a
ajuda de um amigo que fez na
prisão, Júlio conseguiu relatar
sua história a um psicólogo do
setor de assistência social do
presídio. Ele resolveu procurar
a defensora pública Erinan
Prado, que atua na unidade no
setor de flagrantes.
"Pedi que fosse feito o desarquivamento do processo original e, imediatamente, vimos
que as fotos do condenado não
batiam com a fisionomia dele",
diz. A perícia nas impressões
digitais comprovou que não se
tratava de Josias, segundo ela.
Atualmente, Josias cumpre
pena por outros crimes no município de Camboriú (SC).
A defensora, que avalia o caso
como um "erro crasso", afirma
que o Estado será processado.
"Vamos pedir uma indenização. É um absurdo que alguém
passe pelo crivo da polícia, do
Ministério Público e do Poder
Judiciário sem apresentar nenhum documento dizendo ser
outra pessoa".
A Folha procurou a assessoria do Tribunal de Justiça, mas,
até a conclusão desta edição,
não obteve um posicionamento oficial a respeito do caso.
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