São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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Justiça solta homem que foi preso por crime cometido por seu irmão

Júlio Soares estava detido havia um ano e meio após ser preso por engano

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE (MS)

A Justiça de Mato Grosso soltou um homem que estava preso havia um ano e seis meses por um crime cometido por seu irmão. A situação de Júlio Eglésias Soares, 31, foi descoberta pela Defensoria Pública em uma ação de rotina no presídio Central de Cuiabá.
Preso depois de cometer um furto a banco em 2003, em Barra do Garças (540 km de Cuiabá), Josias Eliel Soares, então com 25 anos, identificou-se aos policiais como sendo Júlio, seu irmão um ano mais velho.
Com o nome do irmão, foi condenado a quatro anos em regime inicialmente fechado. Fugiu pouco depois de obter a progressão da pena. A Justiça expediu um mandado de prisão em nome de Júlio, que acabou sendo cumprido no município de Lebon Régis (348 km de Florianópolis-SC), onde ele morava com a mulher e dois filhos.

Ameaça
Júlio foi preso em 18 de abril de 2007. Ainda em Santa Catarina, enquanto aguardava preso pela transferência, Júlio entrou em contato com o irmão à procura de ajuda. Foi quando descobriu o ocorrido. O irmão não só não ajudou como o ameaçou se contasse a verdade.
Só na semana passada, com a ajuda de um amigo que fez na prisão, Júlio conseguiu relatar sua história a um psicólogo do setor de assistência social do presídio. Ele resolveu procurar a defensora pública Erinan Prado, que atua na unidade no setor de flagrantes.
"Pedi que fosse feito o desarquivamento do processo original e, imediatamente, vimos que as fotos do condenado não batiam com a fisionomia dele", diz. A perícia nas impressões digitais comprovou que não se tratava de Josias, segundo ela.
Atualmente, Josias cumpre pena por outros crimes no município de Camboriú (SC).
A defensora, que avalia o caso como um "erro crasso", afirma que o Estado será processado. "Vamos pedir uma indenização. É um absurdo que alguém passe pelo crivo da polícia, do Ministério Público e do Poder Judiciário sem apresentar nenhum documento dizendo ser outra pessoa".
A Folha procurou a assessoria do Tribunal de Justiça, mas, até a conclusão desta edição, não obteve um posicionamento oficial a respeito do caso.


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