Quase metade do dinheiro previsto para investimentos é "carimbada" ou vem de convênios com governos e BID

1/4 dos recursos são de operações urbanas e não podem ser usados em outras áreas; União e SP também investem

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Quase metade da verba recorde de investimentos prevista para 2011 não poderá ter a destinação alterada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), pois é "carimbada" -tem destinação específica- ou é de convênios com os governos estadual e federal e órgãos internacionais de financiamento.
Do total de R$ 5,1 bilhões previstos para investir, 1/4 é originário das operações urbanas, sendo R$ 925 milhões da Operação Urbana Água Espraiada (zona sul). O dinheiro captado nessas operações só pode ser investido nas suas regiões de abrangência. A maior parte é para ações de reurbanização.
Fora das operações urbanas, o maior investimento será na urbanização de favelas (R$ 659,3 milhões), programa criado em 2005 e que tem como foco a recuperação de áreas degradadas, ocupadas de forma desordenada, irregular e sem infraestrutura.
O programa, que também tem dinheiro do governo federal, envolve grandes favelas, como Heliópolis e Paraisópolis, e tem sido explorado por vários partidos na disputa eleitoral deste ano. Como a execução é feita pelos dois governos, o dinheiro não pode ter outra destinação.
Logo a seguir, aparece o Programa Mananciais, criado e gerenciado em parceria com o governo de SP, que visa, principalmente, melhorar as condições das regiões da Billings e da Guarapiranga.
Entre as estratégias do programa está a recuperação urbana e ambiental de favelas.
Na sequência aparecem as intervenções destinadas a prevenir enchentes. No total, pouco mais de 10% do valor reservado a investimentos (R$ 548 milhões) será utilizado em ações desse tipo.
Parte da verba, no entanto, também é "carimbada", como os R$ 49 milhões destinados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para a construção de quatro piscinões no centro.

SAMBA E POLÍTICA
O plano de investimentos de Kassab para o próximo ano -véspera de eleição municipal- também contempla um agrado ao Legislativo: R$ 21 milhões para a construção de um prédio anexo ao da Câmara e outros R$ 10 milhões para a ampliação do atual.
O governo também reservou R$ 77 milhões para a construção de barracões de escolas de samba. A verba é metade da prevista para recapeamento de vias (R$ 150 milhões) e para a construção e reforma de hospitais (também R$ 150 milhões).


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