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Com greve, SP não registra 4.300 BOs por dia
Foram 60 mil boletins de ocorrência não registrados no terceiro trimestre deste ano no Estado, cerca de 10% do total
Policiais civis estão
atendendo apenas às
ocorrências mais graves
desde o início da greve, no
dia 16 de setembro
DA REPORTAGEM LOCAL
Por conta da greve dos policiais civis, o Estado de São Paulo deixou de registrar, em média, 60 mil boletins de ocorrência (cerca de 10% do total) durante o terceiro trimestre deste
ano, segundo estatísticas divulgadas ontem pela SSP (Secretaria de Segurança Pública).
São aproximadamente 4.300
ocorrências que deixaram de
ser registradas e, portanto, investigadas nos 14 primeiros
dias da greve.
Para chegar a essas estatísticas, a Folha comparou o número de 578.384 BOs registrados
entre julho e setembro deste
ano com os 644.704 casos registrados no mesmo período do
ano passado, quando não havia
greve na polícia.
Com os dados divulgados ontem é possível mensurar o impacto da greve no registro de
ocorrências apenas nos primeiros 14 dias do movimento pois
a greve começou em 16 de setembro e as estatísticas abrangem só até o dia 30 daquele
mês. A SSP se negou a divulgar
um balanço total de quantos
BOs deixaram de ser registrados nos 43 dias que a greve já
dura.
De acordo com o sociólogo
Túlio Khan, da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento) da SSP, a diferença de
mais de 60 mil BOs é um reflexo principalmente da subnotificação de crimes ocorrida durante a greve.
"O efeito maior é da população não ir [às delegacias para
registrar crime], mas houve casos que estão sendo investigados de gente que tentou fazer o
BO e não conseguiu", disse
Khan. Durante a greve os policiais estão atendendo apenas
crimes considerados menos
graves, cuja queda já se reflete
nas estatísticas criminais.
Exemplos disso são as quedas nos furtos (-4,7%), nas lesões corporais culposas (-26%)
e nas lesões corporais dolosas
(-12%) em relação ao mesmo
período de 2007.
Crimes considerados mais
graves continuam sendo registrados, como roubos (-2,4%) e
tráfico de drogas (+11%). "O
tráfico de drogas aumentou
11%, mas poderia ter aumentado muito mais", disse Khan.
O número de inquéritos instaurados (crimes que começaram a ser investigados) também caiu: de 86.368 para
82.096, uma redução de 5%.
Khan afirmou porém, que alguns tipos de crime já estavam
em queda antes do início da
greve e podem ter tido reflexo
na diferença de BOs registrados, como o homicídio e o roubo de veículos.
Ele disse ainda que a média
de 15 mil Bos registrados por
mês pela internet subiu para
20 mil durante o período de
greve.
(André Caramante e Luis Kawaguti)
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