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Presos serão soltos após veto a videoconferência, diz juiz
Desde que lei entrou em vigor, em 2005, foram realizadas 3.619 audiências por esse sistema
Segundo Richard Chequini, assessor da presidência do TJ, uma avalanche de ações vai questionar processos já julgados por videoconferência
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz Richard Chequini, do
Tribunal de Justiça de São Paulo, disse ontem que a decisão do
Supremo Tribunal Federal de
declarar inconstitucional a lei
paulista que permite o interrogatório de presos por videoconferência irá provocar uma avalanche de ações questionando
os processos já julgados por esse meio e, consequentemente,
muitos presos serão soltos.
Desde que a lei entrou em vigor, em agosto de 2005, foram
realizadas 3.619 audiências por
meio da videoconferência. Não
é possível saber quantos presos
foram condenados após terem
sido ouvidos por esse sistema.
Sem a videoconferência, diz o
juiz Chequini, os processos serão muito mais morosos e o Estado terá de gastar muito mais,
por conta do transporte do preso aos fóruns.
A videoconferência é usada
para ouvir presos considerados
perigosos ou que estão detidos
em locais distantes de onde o
processo está sendo analisado.
Mas, para o STF, só a União poderia aprovar lei nesse sentido.
Chequini, que já usou videoconferência para ouvir Marco
Willians Herbas Camacho, o
Marcola, apontado como chefe
da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital),
disse que os juízes paulistas vão
acatar a decisão do STF.
FOLHA - O que o TJ vai fazer?
RICHARD CHEQUINI - O Tribunal
de Justiça não emite opinião
sobre a decisão. A decisão é do
Supremo e será cumprida. Na
prática o procedimento de interrogatório por videoconferência não vai mais ser utilizado pelos juízes criminais.
FOLHA - O que vai ocorrer agora?
CHEQUINI - Voltaremos ao
transporte do preso até a presença do juiz. [A decisão] abre
um precedente. Casos que já foram julgados podem ser questionados por meio de uma revisão criminal. Casos em andamento, por meio de habeas corpus. Pode haver uma avalanche
de novas ações questionando
processos já julgados onde a videoconferência foi usada. O ritmo dos trabalhos do Judiciário
será prejudicado com a maior
morosidade dos julgamentos.
FOLHA - E quanto aos processos?
CHEQUINI - Pode acontecer da
anulação de milhares de processos. E, eventualmente, não
podemos ser alarmistas ao
ponto de dizer que haverá soltura em massa de presos, mas
eventualmente um ou outro
poderá se beneficiar dessa decisão e ganhar a liberdade.
FOLHA - Qual objetivo do vídeo?
CHEQUINI - O principal era acelerar o julgamento dos processos e garantir a segurança da
população. Eu já fiz audiências
com integrantes do PCC que
foram feitas por videoconferência para não tirar os chefes
de uma facção criminosa do
presídio e trazê-los a São Paulo.
FOLHA - O que o senhor acha disso?
CHEQUINI
- Pessoalmente sou
favorável a videoconferência.
Essa questão de você estar
frente a frente fisicamente com
o réu, se torna irrelevante.
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