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Governo usa luz para reerguer Pelourinho
Medida visa aumentar a sensação de segurança do principal cartão-postal de Salvador, que teve queda no número de turistas
Governo da Bahia e prefeitura vão gastar R$ 3 milhões com iluminação; especialistas afirmam que medida é "pontual"
MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Para tentar reverter o aumento da criminalidade e a
queda no número de turistas
no Pelourinho, um dos principais cartões-postais de Salvador, o governo da Bahia e a prefeitura decidiram gastar R$ 3
milhões em pontos de luz.
O objetivo é aumentar a sensação de segurança na área,
afastando pedintes e criminosos. O número de policiais local, entretanto, foi mantido em
30% do ideal, segundo o governo Jaques Wagner (PT).
Tombado pela Unesco, braço
cultural da ONU, como patrimônio da humanidade, o centro histórico da cidade chegou
ao "fundo do poço", nas palavras do prefeito de Salvador,
João Henrique (PMDB).
Nos últimos cinco anos, a região registrou queda de 50% no
fluxo de turistas, de acordo com
estimativas de empresários,
guias turísticos e taxistas.
Os investimentos do governo
estadual e da prefeitura em 200
pontos de luz são elogiados por
especialistas em segurança,
que, contudo, veem a medida
como "pontual e isolada".
"Defendo a iluminação como
um item de segurança, mas a
presença do policial não pode
ser descartada. Ela incentiva a
ocupação social e cultural da
região", diz a professora Ivone
Costa, que coordena um grupo
de estudos sobre segurança na
Universidade Federal da Bahia.
Para comerciantes e taxistas
do Pelourinho consultados pela reportagem, a iluminação
não reduziu o número de pedintes e assaltos na região, sobretudo em uma área ocupada
por usuários de crack. O governo diz não ter estatísticas criminais para a região.
Turistas preocupados
Apesar da decadência, o Pelourinho é o ponto mais visitado da cidade, mas preocupa
quem chega a Salvador. O atacadista paulistano Robson Alves, 24, conta que, no caminho
do aeroporto até a região, foi
alertado por quatro pessoas sobre a insegurança no lugar. Ao
lado da namorada, disse estar
"apreensivo".
Pesquisa de 2007 apontou
que 60% de moradores de Salvador só visitam a região para
levar turistas. Os turistas reclamam da falta de policiais e de
abordagens agressivas de pedintes e vendedores.
A violência não é um problema restrito ao centro histórico.
A capital baiana registrou aumento de 31% no número de
homicídios no primeiro semestre de 2009, em relação ao mesmo período de 2007.
Funcionário de um hotel no
Pelourinho, o argentino Gustavo Domingues, 40, relata que
turistas que planejam permanecer até cinco dias na região
"vão embora assustados em, no
máximo, dois dias".
Sem turistas, cerca de 90 dos
450 estabelecimentos, como
restaurantes e lojas, estão à
venda ou fechados. Comerciantes pedem ao governo o perdão
de R$ 5,4 milhões em dívidas.
Lenner Cunha, presidente da
Associação dos Comerciantes
do Pelourinho, pede a conclusão da revitalização do local.
Atualmente, o governo executa a sétima etapa do projeto,
que prevê a construção de mais
de cem habitações para funcionários públicos.
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