São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2000

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Disputa ocorre nos bastidores

DA REPORTAGEM LOCAL

Por conta da disputa pelo Instituto da Mulher, a distribuição do espaço, que deveria ser feita às claras, transformou-se num loteamento de bastidores.
De um lado, o professor José Aristodemo Pinotti rebelou-se contra a proposta de ocupação. Reivindicava que o resto dos andares abrigassem especialidades relacionadas com a saúde da mulher. O secretário José da Silva Guedes, por sua vez, teria exigido espaços para serviços carentes na Grande São Paulo, como o tratamento de câncer e transplantes.
Partiu-se para uma nova rodada de disputas. Titulares como Pinotti e Marcelo Zugaib, da Ginecologia e Obstetrícia, disseram que o secretário Guedes, com suas atitudes, alimenta o "apetite" de outros professores. Guedes diz que busca caminhos para priorizar as necessidades da população.
Outro homem forte nessa balança é David Uip, infectologista do Hospital das Clínicas, diretor da Casa da Aids, assessor do governador Mário Covas e representante do secretário da Saúde na comissão de "partilha" do prédio do instituto. Uip é também o médico pessoal do governador.
"Tudo o que o governador quer é que o prédio seja concluído", afirma Uip. "Na minha opinião, a ocupação deve ser decidida pelo conselho deliberativo do HC, pela congregação da Faculdade de Medicina e pela Secretaria da Saúde."
Afinal, o prédio do instituto, embora construído no terreno do Instituto Emílio Ribas, pertence à Ssecretaria da Saúde, que, por sua vez, comanda o HC. A esta altura, todas as partes concordam que o futuro hospital deva fazer parte do hospital.
"Posso dizer que estamos caminhando para um consenso", diz o professor Pinotti, que no início queria todo o prédio.
Conformismo? Ele diz que não. "É uma decisão de bom senso", prefere dizer. Afinal, dizem técnicos da secretaria, esqueletos de hospitais não curam ninguém, nem dão votos a ninguém.
Guedes só espera que as várias partes -aí incluído ele próprio- cheguem a um acordo sobre a ocupação para então levar a proposta "fechada" ao governador.
Quem conhece Covas afirma que ele faz questão de assumir as negociações com as construtoras e de exigir preços mais baratos. E mais rapidez. Se o processo não for agilizado, o esqueleto da dr. Arnaldo corre o risco de ser não ser inaugurado na sua gestão.



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