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NOITE DE TERROR
Menina de um ano está entre as vítimas; segundo a polícia, incêndio foi em represália à morte de traficante
Ataque a ônibus mata cinco pessoas no Rio
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Num ato de barbárie, cinco pessoas morreram carbonizadas e
pelo menos 13 tiveram queimaduras após ação de um grupo de
homens e mulheres que ateou fogo em um ônibus por volta das
22h30 de anteontem, na Penha
Circular (zona norte do Rio). Entre as vítimas estava Vitória, 1, que
morreu no colo da mãe.
Para a polícia, o ato foi em represália à morte de um traficante
durante ação da PM horas antes.
Segundo moradores, o fogo demorou cerca de 15 minutos. Vários passageiros se jogaram no
chão para tentar debelar as chamas. Os estragos foram tantos
que ainda não foi possível identificar três das vítimas.
O ônibus da linha 350 (que liga
o Passeio, no centro, a Irajá, na zona norte) tinha em todos os bancos ao menos um passageiro
-cerca de 30 a 40 pessoas. Passava pela rua Irapuá, quando duas
ou três jovens aparentando 18
anos fizeram sinal para que parasse. O ponto de ônibus fica perto
de um dos acessos ao morro do
Quitungo. A rua é típica de bairros da classe média baixa do Rio.
As meninas não embarcaram,
mas um homem entrou no ônibus e começou a gritar para o motorista, Clóvis de Moraes Pinheiro, 50: "Desce, desce".
Outro homem entrou gritando
para os passageiros: "Rala, rala
[gíria para sai]". Jogou duas garrafas pet, de dois litros, de combustível, supostamente gasolina,
no chão do ônibus e ateou fogo.
O motorista afirmou que foi arrancado do ônibus e jogado na
calçada. Disse ainda que os criminosos não deixaram que abrisse a
porta de trás para que os passageiros pudessem fugir. Ainda conseguiu ajudar a quebrar o vidro traseiro do ônibus, para auxiliar a fuga dos passageiros. "Parecia um
inferno mesmo. Nunca tinha visto aquilo", contou ele pela manhã,
antes de tomar medicamentos para conseguir dormir horas depois.
O grupo criminoso era composto por pelo menos dez pessoas
-algumas seriam adolescentes.
Ninguém havia sido preso até a
conclusão desta edição.
Quando o fogo começou a se
alastrar, o pânico tomou conta
dos que estavam no ônibus. Um
dos mais desesperados era Rogério Mendes de Oliveira, que estava
com a mulher, Vânia da Lúcia
Barbosa, 33, e a filha Vitória, 1.
Ambas morreram.
"O pai estava queimado, mas
chorava e gritava: "Minha filhinha, minha mulher". Não tinha
jeito, dava para ver que ele tentou,
mas não conseguiu tirá-las de lá.
O ônibus queimou muito rápido.
Se ele não saísse, morreria também", disse uma moradora.
Pelo menos dez vítimas foram
levadas para o hospital. Duas estão em estado gravíssimo.
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