São Paulo, quinta-feira, 01 de dezembro de 2005

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NOITE DE TERROR

Investigação indica que grupo atacou ônibus depois de homem de 22 anos morrer em confronto com a PM

Ação vingou morte de traficante, diz polícia

DA SUCURSAL DO RIO

O ataque ao ônibus que resultou na morte de cinco pessoas e deixou pelo menos outras 13 feridas teria sido motivada, de acordo com a polícia do Rio, pela morte do suposto traficante Leonardo de Souza Ribeiro, 22, o Cyborgue, anteontem à tarde, no morro do Quitungo (Penha), na zona norte.
Segundo a polícia, Ribeiro tinha antecedentes criminais por porte de arma ilegal e drogas e lesão corporal, entre outros. Ele morreu durante confronto entre traficantes e PMs. Com ele, a polícia apreendeu um revólver.
Segundo a polícia, existe uma guerra entre os morros do Quitungo e da Fé, que fica quase em frente. Há algumas semanas, traficantes do morro da Fé, comandados pelo chefe dos pontos-de-venda de drogas do local, Paulo Rogério de Souza Paes, 27, o Mica, invadiram o Quitungo.
O morro era comandado pela facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos) -já o da Fé, pelo CV (Comando Vermelho). A polícia informou que eles continuam em guerra, já que há pontos que não foram tomados por Mica.
Segundo o chefe de Polícia do Rio, delegado Álvaro Lins, traficantes do bando de Mica, após a morte de Ribeiro, tentaram fazer com que moradores do Quitungo fizessem protestos nas ruas próximas à favela. "Como o Quitungo não está todo tomado, eles foram ao morro da Fé e conseguiram juntar algumas pessoas para queimar o ônibus. Foi um ato de desespero, porque não têm o apoio da comunidade no Quitungo."
A polícia já tem sete suspeitos identificados, todos traficantes do morro da Fé. Os morros do Quitungo e da Fé estão ocupados pela polícia por tempo indeterminado.

Ataque terrorista
O delegado responsável pelas investigações classificou o ataque como uma "ação terrorista".
"Antes, as represálias que os traficantes faziam eram só contra os ônibus. Não eram uma ação terrorista, como agora. É uma afronta à sociedade e às corporações policiais", afirmou Luiz Alberto Andrade, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes.
Mais tarde, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, contestou a definição. "As ações terroristas pressupõem motivações ideológicas."
A governadora Rosinha Matheus (PMDB) está em licença médica desde a última segunda-feira e só volta ao trabalho no dia 13. Ela alegou sobrecarga de trabalho. O governador em exercício Luiz Paulo Conde (PMDB) classificou o ato como uma "barbárie". Durante a tarde, ele conversou com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sobre o ataque.
O secretário nacional de Direitos Humanos, Mario Mamede, ressaltou que é necessário reforçar as ações de combate à criminalidade. "Os culpados devem ser punidos conforme a lei."


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