São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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depoimento

"Vi pessoas assustadas e chorando"

DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Eu havia acabado de almoçar quando peguei o metrô na estação Vergueiro. Estava indo para a Redação da Folha, no centro de São Paulo.
Sem aviso, o trem parou no meio do túnel. O motor foi desligado, e as luzes se apagaram. Estávamos entre as estações São Joaquim e Liberdade. Eram 12h45.
O metrô estava bem no meio do túnel. Ninguém explicava o que acontecia. Um casal de velhinhos, provavelmente com medo, deu as mãos e fechou os olhos.
Somente dez minutos depois é que o metrô voltou a funcionar. Quando cheguei à plataforma para pegar o trem para a Barra Funda, o lugar estava amontoado de pessoas e policiais, que tinham armas nas mãos.
Inclinei o corpo e olhei para dentro do túnel -estava todo mundo olhando. Vi pessoas correndo lá dentro. Decidi pegar um ônibus.
Foi difícil sair da estação, porque as catracas estavam fechadas para quem quisesse entrar e, por isso, havia uma multidão que impedia a passagem dos que saíam. Alguns policiais passaram correndo.
Já na praça, me escondi em uma farmácia antes de as funcionárias baixarem as grades. Ali, pessoas sentadas choravam e bebiam água com açúcar. Os que tinham visto ou ouvido os disparos contavam histórias. Em cada um dos relatos, o número de tiros e de feridos variava.
Dez minutos depois, criei coragem e saí. Vim a pé para a Redação. Fiz em meia hora um caminho que leva dez minutos de metrô. Quando cheguei, não consegui fazer outra coisa: vi na internet se alguém havia se ferido.


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