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depoimento
"Vi pessoas assustadas e chorando"
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Eu havia acabado de almoçar quando peguei o metrô
na estação Vergueiro. Estava
indo para a Redação da Folha, no centro de São Paulo.
Sem aviso, o trem parou no
meio do túnel. O motor foi
desligado, e as luzes se apagaram. Estávamos entre as
estações São Joaquim e Liberdade. Eram 12h45.
O metrô estava bem no
meio do túnel. Ninguém explicava o que acontecia. Um
casal de velhinhos, provavelmente com medo, deu as
mãos e fechou os olhos.
Somente dez minutos depois é que o metrô voltou a
funcionar. Quando cheguei à
plataforma para pegar o
trem para a Barra Funda, o
lugar estava amontoado de
pessoas e policiais, que tinham armas nas mãos.
Inclinei o corpo e olhei para dentro do túnel -estava
todo mundo olhando. Vi pessoas correndo lá dentro. Decidi pegar um ônibus.
Foi difícil sair da estação,
porque as catracas estavam
fechadas para quem quisesse
entrar e, por isso, havia uma
multidão que impedia a passagem dos que saíam. Alguns
policiais passaram correndo.
Já na praça, me escondi
em uma farmácia antes de as
funcionárias baixarem as
grades. Ali, pessoas sentadas
choravam e bebiam água
com açúcar. Os que tinham
visto ou ouvido os disparos
contavam histórias. Em cada
um dos relatos, o número de
tiros e de feridos variava.
Dez minutos depois, criei
coragem e saí. Vim a pé para
a Redação. Fiz em meia hora
um caminho que leva dez minutos de metrô. Quando cheguei, não consegui fazer outra coisa: vi na internet se alguém havia se ferido.
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