|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ação policial vaza e boates escapam de blitz
Das 21 casas noturnas de São Paulo que seriam vistoriadas em operação antiprostituição, 10 não estavam funcionando
Delegado afirma que vai investigar vazamento; 4 casas foram fechadas, sendo que, em uma delas, polícia achou uma jovem de 17 anos
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de São Paulo
realizou, na madrugada de ontem, uma megaoperação para
combater a prostituição infantil e o tráfico de mulheres na cidade. Mas os principais alvos
dos policiais -as casas noturnas suspeitas de favorecer a
prostituição- foram avisados
com antecedência. Resultado:
dos 21 estabelecimentos que
seriam vistoriados, dez não estavam funcionando.
"Houve vazamento de informações e vamos apurar de onde
saiu. Garanto que do GOE
[Grupo de Operações Especiais] não foi", disse o delegado
Luiz Antonio Pinheiro.
Quatro casas noturnas suspeitas de favorecer a prostituição foram fechadas e cinco pessoas, presas.
Numa das boates fechadas, a
Big Ben, na rua Augusta (região
central), a polícia encontrou
uma adolescente de 17 anos que
trabalhava como garota de programa havia seis meses. Na
mesma rua, a Maison também
foi lacrada pelos policiais.
A Conection, na Vila Formosa (zona leste), e a Boate American Bar, em Moema (zona sul)
também foram fechadas.
A boate Kilt, uma das mais famosas de São Paulo, também
foi vistoriada. A polícia, porém,
diz que não foram encontrados
"quartos" -o que configuraria
prostituição. Acharam, porém,
bebida e alimentos com prazo
de validade vencido. A entrada
custa R$ 45.
Prisões
Os cinco presos são gerentes
das casas noturnas fechadas.
Foram acusados de explorar a
prostituição. O GOE informou
que Raimundo Borges de Oliveira foi preso como funcionário da Maison. Os demais presos não tiveram seus nomes divulgados. A Folha não teve
acesso aos acusados.
A ação, batizada de Carrossel, mobilizou 180 homens armados e 60 veículos. Participaram policiais do GOE e das delegacias seccionais do centro e
regiões sul e oeste.
O gerente do Big Ben foi indiciado ainda por corrupção de
menor. A jovem encontrada no
local foi encaminhada à Vara
da Infância e Juventude. Segundo policiais, ela estudava de
manhã e se prostituía à noite.
Além dos gerentes presos, 30
pessoas -entre mulheres e
clientes- foram detidos para
averiguação, ouvidas como testemunhas e liberadas; outras
400 pessoas também foram
abordadas durante a ação.
O delegado Pinheiro disse
que já foi aberto procedimento
para investigar os responsáveis
por passar informações privilegiadas para as boates, principalmente as da rua Augusta.
Só na rua Augusta, havia 17
casas suspeitas de prostituição,
segundo relatório da Comissão
Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Câmara de Vereadores entregue ao GOE.
"Foi a partir desta denúncia,
que chegou a nós no dia 5 de
novembro, que decidimos
montar a operação", afirmou
Antonio Sucupira Neto, delegado assistente do GOE. "Muitas mães reclamavam que não
sabiam onde suas filhas estavam e desconfiavam que elas
estivessem trabalhando como
prostitutas nestas casas."
No relatório, a ONG Partnes
of América mapeou alguns locais focos de exploração sexual
de crianças e adolescentes: avenida Robert Kennedy, o Centro
(praça da República e região da
rua Augusta), Vila Mariana (zona sul), Pinheiros (zona oeste)
e a Baixada Santista.
O advogado da Conection,
Anderson Costa e Silva, negou
que houvesse prostituição no
local. Os responsáveis pela Big
Ben, Maison e Boate American
Bar não foram encontrados.
Texto Anterior: Anticoncepcional: Artesã diz estar grávida mesmo usando Contracep há um ano Próximo Texto: Inspiração: Ação lembra "tolerância zero" de Nova York Índice
|