São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Ação policial vaza e boates escapam de blitz

Das 21 casas noturnas de São Paulo que seriam vistoriadas em operação antiprostituição, 10 não estavam funcionando

Delegado afirma que vai investigar vazamento; 4 casas foram fechadas, sendo que, em uma delas, polícia achou uma jovem de 17 anos

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo realizou, na madrugada de ontem, uma megaoperação para combater a prostituição infantil e o tráfico de mulheres na cidade. Mas os principais alvos dos policiais -as casas noturnas suspeitas de favorecer a prostituição- foram avisados com antecedência. Resultado: dos 21 estabelecimentos que seriam vistoriados, dez não estavam funcionando.
"Houve vazamento de informações e vamos apurar de onde saiu. Garanto que do GOE [Grupo de Operações Especiais] não foi", disse o delegado Luiz Antonio Pinheiro.
Quatro casas noturnas suspeitas de favorecer a prostituição foram fechadas e cinco pessoas, presas.
Numa das boates fechadas, a Big Ben, na rua Augusta (região central), a polícia encontrou uma adolescente de 17 anos que trabalhava como garota de programa havia seis meses. Na mesma rua, a Maison também foi lacrada pelos policiais.
A Conection, na Vila Formosa (zona leste), e a Boate American Bar, em Moema (zona sul) também foram fechadas.
A boate Kilt, uma das mais famosas de São Paulo, também foi vistoriada. A polícia, porém, diz que não foram encontrados "quartos" -o que configuraria prostituição. Acharam, porém, bebida e alimentos com prazo de validade vencido. A entrada custa R$ 45.

Prisões
Os cinco presos são gerentes das casas noturnas fechadas. Foram acusados de explorar a prostituição. O GOE informou que Raimundo Borges de Oliveira foi preso como funcionário da Maison. Os demais presos não tiveram seus nomes divulgados. A Folha não teve acesso aos acusados.
A ação, batizada de Carrossel, mobilizou 180 homens armados e 60 veículos. Participaram policiais do GOE e das delegacias seccionais do centro e regiões sul e oeste.
O gerente do Big Ben foi indiciado ainda por corrupção de menor. A jovem encontrada no local foi encaminhada à Vara da Infância e Juventude. Segundo policiais, ela estudava de manhã e se prostituía à noite.
Além dos gerentes presos, 30 pessoas -entre mulheres e clientes- foram detidos para averiguação, ouvidas como testemunhas e liberadas; outras 400 pessoas também foram abordadas durante a ação.
O delegado Pinheiro disse que já foi aberto procedimento para investigar os responsáveis por passar informações privilegiadas para as boates, principalmente as da rua Augusta.
Só na rua Augusta, havia 17 casas suspeitas de prostituição, segundo relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores entregue ao GOE.
"Foi a partir desta denúncia, que chegou a nós no dia 5 de novembro, que decidimos montar a operação", afirmou Antonio Sucupira Neto, delegado assistente do GOE. "Muitas mães reclamavam que não sabiam onde suas filhas estavam e desconfiavam que elas estivessem trabalhando como prostitutas nestas casas."
No relatório, a ONG Partnes of América mapeou alguns locais focos de exploração sexual de crianças e adolescentes: avenida Robert Kennedy, o Centro (praça da República e região da rua Augusta), Vila Mariana (zona sul), Pinheiros (zona oeste) e a Baixada Santista.
O advogado da Conection, Anderson Costa e Silva, negou que houvesse prostituição no local. Os responsáveis pela Big Ben, Maison e Boate American Bar não foram encontrados.


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