São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Mais uma mulher afirma estar grávida após uso de Contracep

Desempregada de Itapira, que já tem dois filhos, disse que engravidou após usar 2 vezes o anticoncepcional injetável

"Falei até em me matar. Quando você planeja [uma gravidez] é bom, mas quando te pega assim de surpresa, é angustiante"

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Um casal de desempregados de Itapira (176 km de SP), com uma bebê de seis meses e um filho de cinco anos portador de deficiência mental, recebeu no último dia 23 a notícia inesperada de mais uma gravidez. Edivania Tavares dos Santos, 31, disse que engravidou depois de receber, em 3 de outubro, uma injeção de Contracep, o anticoncepcional que está com sua venda suspensa desde o último dia 9.
A família registrou boletim de ocorrência e quer uma indenização da fabricante do Contracep, a EMS Sigma Pharma. A venda do medicamento foi proibida por 30 dias pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), depois que exames do Instituto Adolpho Lutz identificaram taxas de hormônio abaixo do previsto para evitar a gravidez.
O secretário de Saúde de Itapira, Humberto Carlos Barison afirmou que Edivania já está inclusa no programa pré-natal do município, mas disse que o anticoncepcional Contracep não foi distribuído ou aplicado pela rede municipal.
Edivania disse que procurou o posto de saúde do Jardim Galego, onde mora, e a ginecologista receitou-lhe o anticoncepcional injetável. Ela conta que tentou tomar o Contracep no posto, mas a auxiliar de enfermagem disse que estava em falta.
Teria comprado, então, o medicamento na farmácia e tomou duas doses lá mesmo, em 3 de julho e outra no dia 3 de outubro. Foi o exato dia em que o marido dela foi demitido do cargo de modelador de uma indústria de fundição na cidade.

Enjôo
Dias depois, ela começou a sentir os sintomas da gravidez. "Eu vivia com enjôo. Assim que eu vi a notícia da interdição na TV, eu pensei: "nossa, será que tomei justamente do lote recolhido?" Eu vi a caixinha e era mesmo", disse a mulher.
Ela afirma que guardou a caixa do anticoncepcional e a nota fiscal da compra -que teria repassado ao seu advogado.
Edivania foi até o posto e relatou os sintomas à enfermeira-chefe. "Ela brincou comigo: ah, isso é coisa da sua cabeça". Fez o exame de sangue no último dia 21 e, dois dias depois, ao voltar com a filha menor para vaciná-la, a enfermeira confirmou a gravidez.
A Secretaria de Estado da Saúde disse não ter recebido nenhuma informação oficial do município sobre a gravidez de Edivania. Oficialmente, só há um caso de gravidez confirmada no Estado após o uso do Contracep.
É a babá Isabel de Lima Rodrigues, 19, de Ribeirão Preto, que está grávida de três meses. Ele tomou duas doses do Contracep, em junho e em setembro deste ano. O órgão estadual disse ter sido notificado de um outro caso suspeito, também de Ribeirão Preto, mas a prefeitura não confirma.
Além de cuidar dos dois filhos, a principal preocupação da professora Edivania nos últimos meses era procurar emprego. Natural de Nazaré da Mata, em Pernambuco, ela mora há cinco anos em Itapira.
Edivania não trabalha há dois anos, desde a gravidez de risco da segunda filha. "Mandei currículo para todas as firmas daqui de Itapira. Agora como fica? Quem vai dar emprego a uma grávida?"
A notícia inesperada sobre a gravidez afetou Edivania. A família, de cinco pessoas, vivia com o salário do marido de R$ 1.200, mas agora depende somente da renda do auxílio-acidente de R$ 402 e da aposentadoria de R$ 360 da mãe de Edivania, Maria José, 61.
"Eu tive começo de depressão, falei até em me matar. Quando você planeja [uma gravidez] é bom, mas quando te pega assim de surpresa, é angustiante", conta.
Edivania disse ainda ter ligado ao serviço de 0800 da EMS para alertar sobre a gravidez. "Pediram meus dados, mas desde então ninguém tinha me dado prazo, nada".
Ontem, um representante da empresa ligou para Edivania e marcou uma visita para o próximo dia 5 -sobre o caso de Isabel, a EMS informou que a ainda busca informações sobre a jovem.


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