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Mais uma mulher afirma estar grávida após uso de Contracep
Desempregada de Itapira, que já tem dois filhos, disse que engravidou após usar 2 vezes o anticoncepcional injetável
"Falei até em me matar. Quando você planeja [uma gravidez] é bom, mas quando te pega assim de surpresa, é angustiante"
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Um casal de desempregados
de Itapira (176 km de SP), com
uma bebê de seis meses e um filho de cinco anos portador de
deficiência mental, recebeu no
último dia 23 a notícia inesperada de mais uma gravidez.
Edivania Tavares dos Santos,
31, disse que engravidou depois
de receber, em 3 de outubro,
uma injeção de Contracep, o
anticoncepcional que está com
sua venda suspensa desde o último dia 9.
A família registrou boletim
de ocorrência e quer uma indenização da fabricante do Contracep, a EMS Sigma Pharma. A
venda do medicamento foi
proibida por 30 dias pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), depois que
exames do Instituto Adolpho
Lutz identificaram taxas de
hormônio abaixo do previsto
para evitar a gravidez.
O secretário de Saúde de Itapira, Humberto Carlos Barison
afirmou que Edivania já está inclusa no programa pré-natal do
município, mas disse que o anticoncepcional Contracep não
foi distribuído ou aplicado pela
rede municipal.
Edivania disse que procurou
o posto de saúde do Jardim Galego, onde mora, e a ginecologista receitou-lhe o anticoncepcional injetável. Ela conta
que tentou tomar o Contracep
no posto, mas a auxiliar de enfermagem disse que estava em
falta.
Teria comprado, então, o medicamento na farmácia e tomou duas doses lá mesmo, em 3
de julho e outra no dia 3 de outubro. Foi o exato dia em que o
marido dela foi demitido do
cargo de modelador de uma indústria de fundição na cidade.
Enjôo
Dias depois, ela começou a
sentir os sintomas da gravidez.
"Eu vivia com enjôo. Assim que
eu vi a notícia da interdição na
TV, eu pensei: "nossa, será que
tomei justamente do lote recolhido?" Eu vi a caixinha e era
mesmo", disse a mulher.
Ela afirma que guardou a caixa do anticoncepcional e a nota
fiscal da compra -que teria repassado ao seu advogado.
Edivania foi até o posto e relatou os sintomas à enfermeira-chefe. "Ela brincou comigo:
ah, isso é coisa da sua cabeça".
Fez o exame de sangue no último dia 21 e, dois dias depois, ao
voltar com a filha menor para
vaciná-la, a enfermeira confirmou a gravidez.
A Secretaria de Estado da
Saúde disse não ter recebido
nenhuma informação oficial do
município sobre a gravidez de
Edivania. Oficialmente, só há
um caso de gravidez confirmada no Estado após o uso do
Contracep.
É a babá Isabel de Lima Rodrigues, 19, de Ribeirão Preto,
que está grávida de três meses.
Ele tomou duas doses do Contracep, em junho e em setembro deste ano. O órgão estadual
disse ter sido notificado de um
outro caso suspeito, também
de Ribeirão Preto, mas a prefeitura não confirma.
Além de cuidar dos dois filhos, a principal preocupação
da professora Edivania nos últimos meses era procurar emprego. Natural de Nazaré da
Mata, em Pernambuco, ela mora há cinco anos em Itapira.
Edivania não trabalha há
dois anos, desde a gravidez de
risco da segunda filha. "Mandei
currículo para todas as firmas
daqui de Itapira. Agora como fica? Quem vai dar emprego a
uma grávida?"
A notícia inesperada sobre a
gravidez afetou Edivania. A família, de cinco pessoas, vivia
com o salário do marido de R$
1.200, mas agora depende somente da renda do auxílio-acidente de R$ 402 e da aposentadoria de R$ 360 da mãe de Edivania, Maria José, 61.
"Eu tive começo de depressão, falei até em me matar.
Quando você planeja [uma gravidez] é bom, mas quando te
pega assim de surpresa, é angustiante", conta.
Edivania disse ainda ter ligado ao serviço de 0800 da EMS
para alertar sobre a gravidez.
"Pediram meus dados, mas
desde então ninguém tinha me
dado prazo, nada".
Ontem, um representante da
empresa ligou para Edivania e
marcou uma visita para o próximo dia 5 -sobre o caso de
Isabel, a EMS informou que a
ainda busca informações sobre
a jovem.
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