Além de Santa Catarina, onde já morreram 114 pessoas, outros Estados atingidos são Rio de Janeiro e Espírito Santo

A previsão da meteorologia é que continue chovendo forte nessas regiões entre hoje e amanhã; em SC pode haver novos deslizamentos

Fernando Donasci/Folha Imagem

Imagem aérea da área rural de Ilhota, devastada pela chuva

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes mesmo da chegada do verão, as chuvas já obrigaram 84.670 pessoas a deixar suas casas em várias partes do país. Ao menos 116 morreram, sendo 114 apenas em Santa Catarina. Em 89 municípios foi decretado estado de emergência ou de calamidade pública -ou seja, eles podem pedir verba federal ou estadual para obras de reconstrução, que podem ser feitas sem licitação.
Os Estados mais atingidos são Santa Catarina, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Também já há estragos registrados no Vale do Paraíba (interior de São Paulo). A previsão da meteorologia é que continue chovendo forte nessas regiões entre hoje e amanhã. Em Santa Catarina, mais de 78 mil pessoas deixaram suas casas. Algumas já puderam voltar, outras continuam sem saber para onde vão. As cidades mais atingidas são Ilhota, Itajaí e Blumenau, todas no Vale do Itajaí. O nível da água no rio Itajaí-Açu já baixou, mas os deslizamentos de terra ainda não cessaram.
Na rua Araranguá, no bairro Garcia, onde foi registrada a primeira morte por desmoronamento em Blumenau há nove dias, a família resgatada dos escombros por vizinhos voltava ontem pela primeira vez ao local da tragédia, que matou a menina Luana Eger, 3. "Não sei como recomeçar. Estou sem rumo", afirma o autônomo Eribelci Pereira da Silva, 52, avô da menina. Eribelci, a mulher, quatro filhos e dois netos estão morando na casa da cunhada dele.
A família vivia da renda de uma pequena confecção de camisetas, que ficava nos fundos da casa. As máquinas e toda a casa foram soterradas. "Vamos esperar uma ajuda da prefeitura", diz o autônomo, que além da roupa que usava quando foi resgatado tem apenas uma calça, chinelos e uma camiseta doados.

Rio e Espírito Santo
No Estado do Rio de Janeiro, a pior situação é em Campos de Goytacazes (1.500 desabrigados) e Rio Bonito (1.430), onde duas pessoas já morreram. O Estado tem 3.786 desabrigados. Em Campos de Goytacazes, moradores queimaram pneus e fecharam uma rodovia na região do Ururaí, onde há cerca de mil desabrigados. Houve conflito com a polícia.
No Espírito Santo, 2.177 pessoas tiveram de deixar suas casas. Há dez cidades em situação de emergência e 64 famílias moradoras de áreas de risco já foram notificadas de que terão que deixar suas casas. Uma queda de barreira deixou a BR-459 interditada em Piquete (205 km de SP) desde a manhã de sábado devido a uma queda de barreira no km 4.
A Polícia Rodoviária Federal informou que não há previsão de liberação do trecho da rodovia, que liga o Vale do Paraíba ao Sul de Minas Gerais. A alternativa para o motorista é acessar a Presidente Dutra. As regiões Sul e Sudeste devem voltar a ser atingidas por chuvas fortes, segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), ligado ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Para Rio, Espírito Santo e Vale do Paraíba, a previsão é de pancadas de chuva nas tardes de hoje e amanhã. No Sul do país, uma área de baixa pressão, calor e umidade deve causar pancadas de chuva e ventos fortes, atingindo principalmente parte do Rio Grande do Sul e o litoral de Santa Catarina, segundo o Cptec.
A Defesa Civil de Santa Catarina aponta para a chegada de uma frente fria, do Sul, que deve causar temporais em todo o Estado, inclusive no Vale do Itajaí e na Grande Florianópolis, onde o nível dos rios está alto, e o solo, encharcado, com perigo de mais deslizamentos.

Colaboraram CRISTINA MORENO DE CASTRO, MARTHA ALVES e DIMITRI DO VALLE , da Agência Folha, e a Sucursal do Rio


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