|
Próximo Texto | Índice
Diretor de IC é acusado de fraudar concurso
Integrantes da comissão de seleção acusam Osvaldo Negrini Neto de vender gabaritos e incluir reprovados entre os aprovados
Ao menos 22 candidatos que, segundo a banca, foram reprovados são peritos hoje; é o segundo concurso da Polícia Científica de SP com suspeita
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O segundo homem mais importante da hierarquia do IC
(Instituto de Criminalística) de
São Paulo, o diretor Osvaldo
Negrini Neto, é acusado por
seis integrantes da banca do
concurso para peritos de 2005
de vender gabaritos e incluir irregularmente nomes de reprovados na lista de aprovados.
O perito, que presidia a banca
do concurso, nega as acusações.
Esse é mais um concurso da
Polícia Científica de São Paulo
com suspeita de fraude. Conforme a Folha revelou ontem,
o concurso de fotógrafos do IC,
concluído em julho, foi fraudado para beneficiar parentes de
diretores da instituição, entre
eles o diretor-geral, José Domingos Moreira das Eiras.
Essa outra denúncia, à qual a
Folha teve acesso, foi entregue
em documento à Academia de
Polícia e à Corregedoria de Polícia em novembro de 2005,
mas nada foi feito. O concurso
foi mantido sem ressalvas e pelo menos 22 candidatos da lista
suspeita são peritos hoje.
A cúpula da polícia paulista à
época escondeu o caso até da
Promotoria, que faz o controle
externo da instituição. Tratou
todo o assunto em sindicância
interna. Como há suspeita de
crime, o correto é investigar o
caso por meio de inquérito policial e informar à Justiça.
Segundo o documento e peritos ouvidos pela Folha, Negrini vendeu para um grupo de
candidatos o gabarito com o resultado da prova escrita marcada para outubro de 2005. As
questões foram, porém, alteradas quando a banca do concurso descobriu a venda.
Em 15 de outubro, seis dias
depois da prova escrita, a lista
de aprovados foi publicada no
"Diário Oficial" com 417 nomes. "Entretanto, para total indignação e tristeza desta comissão, constatamos que, à
nossa revelia, foi publicada na
data de 02/11/2005 a lista de
candidatos aprovados, após
prazo legal de interposição de
recursos, com flagrante inclusão de dezenas de candidatos
reprovados, com média inferior à nota de corte (67)", afirma a denúncia da comissão.
Como exemplo "da imoralidade da lista publicada" por
Negrini, que passou para 619
pessoas (202 aprovados a
mais), a banca menciona o caso
do candidato Paulo Afonso
Maccagnan, que, dos originais
49 pontos, saltou para 67.
Neste documento, endereçado primeiramente ao delegado
Maurício Lemos Freire, então
diretor da Academia de Polícia,
a banca pediu a substituição
"imediata" de Negrini como
forma de "preservar a seriedade e credibilidade desta Academia de Polícia".
Além de manter Negrini como presidente da comissão, a
polícia não fez nova publicação
da lista dos aprovados.
Dos 202 concorrentes da lista suspeita, 180 foram barrados
na prova oral. Os outros 22 foram aprovados no concurso
-entre eles dois candidatos
mencionados nominalmente
na denúncia da comissão.
Próximo Texto: Outro lado: Acusações são absurdas, diz diretor do IC Índice
|