São Paulo, terça-feira, 01 de dezembro de 2009

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Diretor de IC é acusado de fraudar concurso

Integrantes da comissão de seleção acusam Osvaldo Negrini Neto de vender gabaritos e incluir reprovados entre os aprovados

Ao menos 22 candidatos que, segundo a banca, foram reprovados são peritos hoje; é o segundo concurso da Polícia Científica de SP com suspeita

ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O segundo homem mais importante da hierarquia do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo, o diretor Osvaldo Negrini Neto, é acusado por seis integrantes da banca do concurso para peritos de 2005 de vender gabaritos e incluir irregularmente nomes de reprovados na lista de aprovados.
O perito, que presidia a banca do concurso, nega as acusações.
Esse é mais um concurso da Polícia Científica de São Paulo com suspeita de fraude. Conforme a Folha revelou ontem, o concurso de fotógrafos do IC, concluído em julho, foi fraudado para beneficiar parentes de diretores da instituição, entre eles o diretor-geral, José Domingos Moreira das Eiras.
Essa outra denúncia, à qual a Folha teve acesso, foi entregue em documento à Academia de Polícia e à Corregedoria de Polícia em novembro de 2005, mas nada foi feito. O concurso foi mantido sem ressalvas e pelo menos 22 candidatos da lista suspeita são peritos hoje.
A cúpula da polícia paulista à época escondeu o caso até da Promotoria, que faz o controle externo da instituição. Tratou todo o assunto em sindicância interna. Como há suspeita de crime, o correto é investigar o caso por meio de inquérito policial e informar à Justiça.
Segundo o documento e peritos ouvidos pela Folha, Negrini vendeu para um grupo de candidatos o gabarito com o resultado da prova escrita marcada para outubro de 2005. As questões foram, porém, alteradas quando a banca do concurso descobriu a venda.
Em 15 de outubro, seis dias depois da prova escrita, a lista de aprovados foi publicada no "Diário Oficial" com 417 nomes. "Entretanto, para total indignação e tristeza desta comissão, constatamos que, à nossa revelia, foi publicada na data de 02/11/2005 a lista de candidatos aprovados, após prazo legal de interposição de recursos, com flagrante inclusão de dezenas de candidatos reprovados, com média inferior à nota de corte (67)", afirma a denúncia da comissão.
Como exemplo "da imoralidade da lista publicada" por Negrini, que passou para 619 pessoas (202 aprovados a mais), a banca menciona o caso do candidato Paulo Afonso Maccagnan, que, dos originais 49 pontos, saltou para 67.
Neste documento, endereçado primeiramente ao delegado Maurício Lemos Freire, então diretor da Academia de Polícia, a banca pediu a substituição "imediata" de Negrini como forma de "preservar a seriedade e credibilidade desta Academia de Polícia".
Além de manter Negrini como presidente da comissão, a polícia não fez nova publicação da lista dos aprovados.
Dos 202 concorrentes da lista suspeita, 180 foram barrados na prova oral. Os outros 22 foram aprovados no concurso -entre eles dois candidatos mencionados nominalmente na denúncia da comissão.


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