São Paulo, terça, 1 de dezembro de 1998

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PROVÃO
Só os alunos de odontologia superaram a média 4; dos 6 cursos avaliados em 97, 4 tiveram queda na pontuação
MEC reprova 9 entre 10 cursos superiores

DANIELA FALCÃO
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

Apenas um dos dez cursos de graduação avaliados pelo provão em 1998 -o de odontologia- obteve nota média superior a 4, numa escala de 0 a 10.
Dos seis cursos que já haviam sido avaliados no ano passado, só dois melhoraram a pontuação: odontologia e engenharia civil. Os outros quatro -administração, direito, engenharia química e medicina veterinária- pioraram.
A versão 98, a terceira desde a implantação do exame, agregou os cursos de letras, engenharia elétrica, jornalismo e matemática.
No total, foram avaliados 1.710 cursos, com a participação de 126.823 estudantes que estão concluindo a graduação.
O desempenho ficou abaixo do esperado pelas comissões que elaboraram o Exame Nacional de Cursos (nome oficial do provão).
Os alunos de odontologia já haviam sido os mais bem colocados no provão do ano passado, com média de 4,92. Neste ano, foram ainda melhor, com média de 5,87.
"Quando se elabora esse tipo de prova, a expectativa da banca é que a proporção de acerto dos estudantes fique entre 40% e 60%", afirmou Jocimar Archangelo, coordenador técnico do provão.
Os alunos de matemática, que estrearam este ano, tiveram o pior desempenho, com média de 2,12.
As notas médias dos cursos não constavam do resumo sobre o provão distribuído ontem à imprensa antes da entrevista com o ministro Paulo Renato Souza (Educação). "Mandei tirar a nota média do "briefing' porque, do contrário, vocês só iam falar disso, e isso não é o mais importante", afirmou Paulo Renato.
Para o ministro, "não é surpreendente que os alunos tenham um desempenho em geral fraco".
"A deficiência está mostrada na própria avaliação que os estudantes fazem dos cursos, de que há baixa exigência, e no fato de os alunos lerem pouco e estudarem pouco, como mostrou o perfil do estudante", disse o ministro.
Para o MEC, não é possível fazer uma comparação entre a média de acertos de questões no provão deste ano e nos provões anteriores porque são exames diferentes, embora o objetivo seja o mesmo: avaliar o curso.
Em odontologia, no entanto, o diretor técnico do exame explicou que não houve modificação nos conteúdos e no grau de dificuldade da prova entre 97 e 98.
Mesmo o desempenho da engenharia civil, cuja média pulou de 1,83 para 3,02, não significa necessariamente melhora do curso.
Segundo Tancredo Maia Filho, diretor de Avaliação de Ensino Superior, ela pode ser explicada pela grande participação dos alunos de engenharia civil da UnB (Universidade de Brasília) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) no provão deste ano. Nos exames dos anos anteriores, houve boicote dos estudantes.




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