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PROVÃO
Só os alunos de odontologia superaram a média 4; dos 6 cursos avaliados em 97, 4 tiveram queda na pontuação
MEC reprova 9 entre 10 cursos superiores
DANIELA FALCÃO
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
Apenas um dos dez cursos de
graduação avaliados pelo provão
em 1998 -o de odontologia- obteve nota média superior a 4, numa escala de 0 a 10.
Dos seis cursos que já haviam sido avaliados no ano passado, só
dois melhoraram a pontuação:
odontologia e engenharia civil. Os
outros quatro -administração,
direito, engenharia química e medicina veterinária- pioraram.
A versão 98, a terceira desde a
implantação do exame, agregou
os cursos de letras, engenharia elétrica, jornalismo e matemática.
No total, foram avaliados 1.710
cursos, com a participação de
126.823 estudantes que estão concluindo a graduação.
O desempenho ficou abaixo do
esperado pelas comissões que elaboraram o Exame Nacional de
Cursos (nome oficial do provão).
Os alunos de odontologia já haviam sido os mais bem colocados
no provão do ano passado, com
média de 4,92. Neste ano, foram
ainda melhor, com média de 5,87.
"Quando se elabora esse tipo de
prova, a expectativa da banca é
que a proporção de acerto dos estudantes fique entre 40% e 60%",
afirmou Jocimar Archangelo,
coordenador técnico do provão.
Os alunos de matemática, que
estrearam este ano, tiveram o pior
desempenho, com média de 2,12.
As notas médias dos cursos não
constavam do resumo sobre o
provão distribuído ontem à imprensa antes da entrevista com o
ministro Paulo Renato Souza
(Educação). "Mandei tirar a nota
média do "briefing' porque, do
contrário, vocês só iam falar disso,
e isso não é o mais importante",
afirmou Paulo Renato.
Para o ministro, "não é surpreendente que os alunos tenham
um desempenho em geral fraco".
"A deficiência está mostrada na
própria avaliação que os estudantes fazem dos cursos, de que há
baixa exigência, e no fato de os
alunos lerem pouco e estudarem
pouco, como mostrou o perfil do
estudante", disse o ministro.
Para o MEC, não é possível fazer
uma comparação entre a média de
acertos de questões no provão
deste ano e nos provões anteriores
porque são exames diferentes,
embora o objetivo seja o mesmo:
avaliar o curso.
Em odontologia, no entanto, o
diretor técnico do exame explicou
que não houve modificação nos
conteúdos e no grau de dificuldade da prova entre 97 e 98.
Mesmo o desempenho da engenharia civil, cuja média pulou de
1,83 para 3,02, não significa necessariamente melhora do curso.
Segundo Tancredo Maia Filho,
diretor de Avaliação de Ensino Superior, ela pode ser explicada pela
grande participação dos alunos de
engenharia civil da UnB (Universidade de Brasília) e da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas) no provão deste ano. Nos
exames dos anos anteriores, houve boicote dos estudantes.
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