São Paulo, terça, 1 de dezembro de 1998

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Cai diferença entre públicas e privadas

da Sucursal de Brasília

Embora as universidades públicas continuem apresentando no provão desempenho superior ao das particulares, a diferença entre as duas caiu em relação ao ano passado.
A aproximação entre a performance de universidades públicas e particulares tem dois motivos: o aumento na porcentagem de instituições federais que tiraram notas D e E e a redução das faculdades particulares nessa situação.
No provão de 98, a porcentagem de federais com D e E cresceu em 5 dos 6 cursos que já haviam sido avaliados em 97 (direito, administração, engenharia civil, veterinária e odontologia).
As universidades federais só reduziram a porcentagem de D e E em engenharia química: de 25% para 15%.
Já com as faculdades particulares ocorreu o inverso. Elas reduziram as porcentagens de D e E em administração, direito, engenharia civil, veterinária e odontologia. Essas faculdades só pioraram o desempenho em engenharia química.

Pressão
A melhora no desempenho das instituições particulares de ensino no último provão pode ser atribuída a dois fatores, na avaliação do ministro da Educação, Paulo Renato Souza: o aumento no número de professores qualificados e a pressão dos alunos para que a faculdade em que estudam tenha nota alta.
"As instituições privadas passaram a contratar professores mais qualificados, com mestrado e doutorado, e que dedicam mais tempo ao trabalho em sala de aula", disse o ministro Paulo Renato Souza.
Na opinião do professor José Ivonildo do Rêgo, presidente da Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior), o mau desempenho das federais em 98 já era esperado.
Segundo o presidente da Andifes, houve aumento na porcentagem de federais com notas D e E porque o provão foi realizado enquanto essas universidades estavam em greve, o que levou alunos de vários cursos a boicotarem o exame.
"Não houve queda no desempenho das universidades federais. O que houve foi um ressurgimento do boicote. A greve trouxe de volta o ambiente de insatisfação e várias instituições voltaram a boicotar o provão. Eu já havia alertado o MEC de que isso iria acontecer", disse Rêgo.

Boicote
Como todos os alunos que não comparecem ao exame levam nota zero, as universidades em que há boicote terminam levando nota E no provão.
Nos cursos de odontologia, por exemplo, cinco universidades federais boicotaram o exame.
Em direito, quatro faculdades boicotaram, e em veterinária e engenharia química, outras três boicotaram.
Apesar do aumento no número de universidades federais que tiveram notas D e E no provão, elas continuam liderando o ranking das melhores instituições de ensino superior do país.
Dos 120 cursos de nível superior que receberam do ministério três notas A -no desempenho dos alunos, na titulação dos professores e no número de horas que os docentes dedicam ao curso-, mais da metade (64) são de universidades federais e só 14 são de particulares.
Os outros 42 cursos que receberam três notas A são de universidades estaduais.
(DANIELA FALCÃO)



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