São Paulo, terça, 1 de dezembro de 1998

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Para FHC, resultado é 'preocupante'

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que é "dramática" a situação do ensino fundamental e secundário e "preocupantes" os resultados do provão divulgados ontem pelo Ministério da Educação.
Numa crítica velada ao aumento brusco da titulação de professores, ele afirmou que "boa parte das universidades não tem condições efetivas de fazer pesquisa".
"E a pior coisa que pode acontecer é fazer de conta que se está fazendo o que não se está fazendo, ou titular rapidamente para ter titulação e, com isso, preencher requisitos que são formais."
Envolvido com a idéia de transferir a responsabilidade da coordenação das universidades do Ministério da Educação para o Ministério da Ciência e Tecnologia, FHC afirmou que são "problemas também difíceis" os referentes à fronteira do ensino e da pesquisa.
FHC disse que a dificuldade maior está em administrar a "definição ambiciosa" dada às universidades. "A definição constitucional do que seja universidade é uma definição ambiciosa, mas que raramente encontra paralelo na prática", afirmou FHC, ressalvando em seguida: "Eu não digo em desmedro (desmereço) dessas universidades".
A transferência da coordenação de ensino superior do MEC para a Ciência e Tecnologia não foi ainda formalizada por FHC. A idéia enfrenta resistências dentro do próprio governo: de um lado, o ministro Paulo Renato Souza (Educação) defende a mudança e, do outro, o ministro José Israel Vargas (Ciência e Tecnologia) é contra.
"Isso é assunto do presidente. Pergunte para ele! Que eu saiba, não há nada definido sobre o assunto", disse Vargas, em tom de irritação.
FHC demonstrou reconhecer que faltam "condições efetivas" a muitas das universidades brasileiras para fazer pesquisa, mas que quer rever isso. "Pesquisa é caro, requer concentração de talentos."
O presidente afirmou ainda que pretende atingir 2% do PIB (Produto Interno Produto) apenas com investimentos nacionais em ciência e tecnologia. Segundo ele, a idéia é atingir essa meta até o final do seu segundo mandato. Atualmente esse investimento corresponde a 1,3% do PIB, cerca de R$ 10 bilhões.



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