São Paulo, terça, 1 de dezembro de 1998

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Jovens colecionam preservativos em SP

da Reportagem Local

Francesas, japonesas, americanas, macias, enrugadinhas, perfumadas. Só de olhar, os adolescentes "viajam".
Não são recortes de revistas masculinas, como se poderia imaginar. São camisinhas de todas as cores, sabores, tamanhos e procedências que grupos de garotos estão colecionando.
Quando se encontram, esparramam os preservativos sobre a cama e exigem cuidado no manuseio, especialmente das mais raras. As repetidas ocupam outra caixa. São moeda de troca.
No geral, são pré-adolescentes que aguardam o momento de transformar os objetos colecionados em acessório para sua vida sexual. "Todo mundo tá ligado que sem camisinha não dá", diz Emiliano Capozoli, 14, que estuda na 8ª série da escola Logos, dono de uma coleção de 145 preservativos.
"Carregamos umas na carteira para impressionar", diz Emiliano. "Mas é dessas comuns, da farmácia. Da coleção, nem a pau."
Outro colecionador, Ivan Naldinho Cezar, 15, diz que a "turma toda" sabe que preservativo vai ter que usar mesmo. "É melhor se proteger", afirma.
Segundo os educadores, colecionar e brincar com camisinha são práticas saudáveis que vão ajudar os meninos a enfrentar seu uso com naturalidade. E é de fato o que vem acontecendo. Quatro anos atrás, a Folha ouviu meninos e adolescentes que colecionavam e trocavam preservativos. Voltou a procurá-los agora e ouviu deles que todos estavam usando.
"As camisinhas foram perdendo a validade e fomos jogando fora", diz Fábio Pedro de Lima, hoje com 16 anos. "Agora a gente compra para usar, não mais para colecionar." Seu irmão, Daniel, 18, também passou de colecionador a usuário, assim como foi com todo o grupo, seis rapazes e uma moça, moradores do Parque dos Príncipes (zona sudoeste de SP) e estudantes do colégio Albert Sabin.
O mais jovem dos colecionadores, André de Souza Brito, hoje com 13, começou a colecionar aos 8. Na semana passada, ele e o primo Inácio, da mesma idade, tiveram de jogar toda a coleção fora. "A vaselina foi escapando do envelope e virou tudo uma meleca. Foi uma pena. Vou começar tudo de novo." (AB)



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