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Jovens colecionam preservativos em SP
da Reportagem Local
Francesas, japonesas, americanas, macias, enrugadinhas, perfumadas. Só de olhar, os adolescentes "viajam".
Não são recortes de revistas
masculinas, como se poderia imaginar. São camisinhas de todas as
cores, sabores, tamanhos e procedências que grupos de garotos estão colecionando.
Quando se encontram, esparramam os preservativos sobre a cama e exigem cuidado no manuseio, especialmente das mais raras.
As repetidas ocupam outra caixa.
São moeda de troca.
No geral, são pré-adolescentes
que aguardam o momento de
transformar os objetos colecionados em acessório para sua vida sexual. "Todo mundo tá ligado que
sem camisinha não dá", diz Emiliano Capozoli, 14, que estuda na
8ª série da escola Logos, dono de
uma coleção de 145 preservativos.
"Carregamos umas na carteira
para impressionar", diz Emiliano. "Mas é dessas comuns, da farmácia. Da coleção, nem a pau."
Outro colecionador, Ivan Naldinho Cezar, 15, diz que a "turma
toda" sabe que preservativo vai
ter que usar mesmo. "É melhor se
proteger", afirma.
Segundo os educadores, colecionar e brincar com camisinha são
práticas saudáveis que vão ajudar
os meninos a enfrentar seu uso
com naturalidade. E é de fato o
que vem acontecendo. Quatro
anos atrás, a Folha ouviu meninos
e adolescentes que colecionavam e
trocavam preservativos. Voltou a
procurá-los agora e ouviu deles
que todos estavam usando.
"As camisinhas foram perdendo a validade e fomos jogando fora", diz Fábio Pedro de Lima, hoje
com 16 anos. "Agora a gente compra para usar, não mais para colecionar." Seu irmão, Daniel, 18,
também passou de colecionador a
usuário, assim como foi com todo
o grupo, seis rapazes e uma moça,
moradores do Parque dos Príncipes (zona sudoeste de SP) e estudantes do colégio Albert Sabin.
O mais jovem dos colecionadores, André de Souza Brito, hoje
com 13, começou a colecionar aos
8. Na semana passada, ele e o primo Inácio, da mesma idade, tiveram de jogar toda a coleção fora.
"A vaselina foi escapando do envelope e virou tudo uma meleca.
Foi uma pena. Vou começar tudo
de novo."
(AB)
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