RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Rio Branco

A Polícia Civil de Tarauacá (AC) localizou e enterrou os restos mortais de seis pessoas assassinadas em supostos rituais religiosos no seringal Lavras (120 km da cidade) e prendeu mais um suspeito pelo crime no fim-de-semana.
O agricultor Expedito Lopes de Souza, 27, foi o sétimo preso pela polícia. Ele foi detido quando caminhava por uma estrada próxima a Tarauacá (466 km de Rio Branco).
Souza é acusado de participar dos espancamentos e mortes ocorridos supostamente por ordem do líder Francisco Bezerra de Morais, 35, o Totó, preso na delegacia local com mais cinco acusados desde 23 de novembro.
Em conversa informal com o delegado Mardilson Siqueira, 42, Souza afirmou que não teve participação direta nas mortes, embora tenha presenciado os crimes. Os outros presos incriminaram Souza em depoimentos na delegacia.
Um oitavo acusado, Pedro Bezerra Lima de França, continua sendo procurado pela polícia.
Policiais civis e militares, incluindo dois médicos legistas e um perito criminal, enterraram os restos mortais dos agricultores no próprio seringal, após uma perícia no local.
Os corpos, espalhados na mata, haviam sido quase totalmente devorados por animais. O líder Morais havia ordenado aos agricultores que não enterrassem os corpos, como ele disse à polícia.
Os policiais chegaram ao seringal Lavras no sábado e retornaram ontem. Cada viagem compreendeu uma hora de avião, três em lombo de burro e duas de barco, além de um pequeno trecho a pé.
As seis vítimas -três crianças, dois homens e uma mulher- foram assassinadas entre 15 e 18 de novembro a chutes, pauladas e golpes de facão. Duas crianças foram carbonizadas depois de mortas pelo próprio pai, Adalberto Taveira, 37, que incendiou a casa.
Os agricultores afirmaram que cometeram os crimes em rituais de "expulsão do demônio". Cerca de 60 pessoas, das 70 que viviam no seringal, foram castigadas a pauladas e golpes de correia de motor.



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