São Paulo, terça, 1 de dezembro de 1998

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Chega a 59 o número de corpos desaparecidos em faculdade

EDMILSON ZANETTI
em São José do Rio Preto

Desapareceram pelo menos 59 corpos de uma relação de 163 enviados para estudos ao laboratório de anatomia da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) nos últimos 26 anos.
Nos livros de registro de entrada e saída de corpos da faculdade não constam informações sobre o destino dado aos corpos. O registro dessa informação no livro é uma obrigação legal da faculdade.
A polícia suspeita que os corpos tenham sido desviados para a chamada "máfia dos cadáveres".
A polícia divulgou ontem a relação com os 163 nomes. Desses, 74 são corpos de idosos do asilo de Engenheiro Schimidt. A maioria teria sido enterrada no cemitério São João Batista.
A polícia vai agora confrontar esses nomes com os livros de registros do cemitério e dos cartórios.
O último nome da lista, por exemplo, é de um homem que morreu em agosto e teria sido enterrado em outubro, de acordo com atestado de óbito de médicos do Hospital de Base.
Em novembro, a polícia descobriu que o corpo de Aristides Cardoso estava sendo usado em estudos em outra faculdade de São José do Rio Preto (451 km de SP).

Investigações
A lista com os 163 nomes será enviada ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), em São Paulo, para saber se algum está na relação de desaparecidos. As investigações, nesta fase, se concentram nos últimos 20 nomes da lista, "desaparecidos" a partir de 1995.
Quando perguntado se algum professor ou diretor está envolvido, Chim Palchetti, diretor administrativo da Famerp e presidente de uma sindicância interna, responde que, neste momento, impera a "lei do silêncio".



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