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ADMINISTRAÇÃO
Marta pode fazer o que quiser com o dinheiro
Câmara de SP "esquece" de incluir R$ 220 mi do IPTU no Orçamento
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma receita de cerca de R$ 220
milhões que deverá ser arrecadada este ano pela Prefeitura de São
Paulo poderá ser gasta pela administração petista sem que moradores e até vereadores -que têm
de fiscalizar as ações do Executivo- saibam qual foi o destino final do recurso público.
Isso é possível porque o Orçamento 2003, aprovado pelos vereadores, não inclui a previsão de
que a cidade terá uma receita adicional graças às mudanças feitas
nas regras de cobrança do IPTU.
Sem a previsão, o recurso não fica vinculado a nenhuma destinação específica, como acontece
com as outras receitas.
A receita adicional que não foi
lançada no Orçamento 2003 e poderá ser usada livremente -R$
220 milhões- equivale à verba
prevista para os projetos sociais
em todo o ano (R$ 227,4 milhões).
Empurra-empurra
Se as estimativas da Secretaria
das Finanças se confirmarem, a
arrecadação do IPTU (Imposto
Predial e Territorial Urbano) pulará de R$ 1,74 bilhão em 2002 para R$ 1,9 bilhão neste ano -elevando a R$ 10,7 bilhões o Orçamento da cidade. No papel, porém, a arrecadação será de R$ 10,5
bilhões, apesar de a legislação
obrigar que o município estabeleça a previsão de todas as receitas e
a fixação das despesas.
"Como não se sabia o valor [extra com o IPTU", ele não foi usado
como expectativa de receita", justifica o presidente da Comissão de
Finanças, Adriano Diogo (PT), citando o fato de o Orçamento ter
sido enviado à Casa antes de o novo IPTU ter sido aprovado.
Em 2001, no entanto, quando a
Câmara autorizou a cobrança do
IPTU progressivo, as receitas extras previstas na época com essa
alteração constaram do Orçamento que vigorou em 2002.
"Pode ter sido uma falha, mas,
se foi, ela não é ilegal", afirmou
ontem o vereador Eliseu Gabriel
(PDT), relator do Orçamento na
Comissão de Finanças.
Segundo o vereador José
Eduardo Cardozo (PT), que ontem transmitiu o cargo de presidente da Câmara para Arselino
Tatto, o assunto terá
que ser analisado, mas ele admite
a possibilidade de o Legislativo
ter se equivocado e de estar sujeito à necessidade de votar um projeto para estabelecer como serão
gastos esses recursos extras.
Questionado ontem se o valor
adicional não deveria ser obrigatoriamente incluído no Orçamento para dar mais transparência ao investimento dos recursos
públicos, o novo presidente da
Câmara afirmou que terá analisar
a questão, provavelmente já a
partir de hoje.
O vereador Dalton Silvano
(PSDB), que faz oposição ao governo, diz que tentará buscar na
LRF (Lei de Responsabilidade
Fiscal) argumentos para obrigar a
prefeitura a detalhar os gastos.
"Da maneira como está, é um
absurdo. Isso foi premeditado para dar mais folga orçamentária à
prefeitura", disse Silvano.
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