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BARBARA GANCIA
Montadoras que ponham a mão no bolso!
A São Paulo Fashion
Week, que rola no Ibirapuera, é um belo exemplo da capacidade tapuia de levantar, sacudir
a poeira e dar a volta por cima.
Descontado o fator Gisele
Bündchen, que deu uma senhora
alavancada na nossa mixórdia,
se olharmos para o interesse que a
moda brasileira está despertando
na imprensa estrangeira, perceberemos a milhagem percorrida.
Antes éramos enxotados dos
desfiles europeus, sob a pecha de
plagiadores e sanguessugas.
Quando houve a abertura das
importações, nossa indústria têxtil arregaçou as mangas e investiu
em maquinário e no desenvolvimento de uma personalidade
própria. Passados dez anos, não
só o segmento tomou fôlego como
atraiu a atenção de curiosos ultramarinos.
Pois é, nossa Fashion Week é
um sucesso e coisa e tal. Mas em
termos monetários, se comparada
a outro evento que agita a cidade
a cada início de ano, a semana da
moda não passa de um pintinho
molhado na chuva. Sim, falo do
GP de F-1.
A administração Marta Suplicy
encontrou o autódromo de Interlagos em frangalhos. Consta que,
em sua primeira visita ao autódromo, a nova secretária municipal dos Esportes, a engenheira
agrônoma Nádia Campeão (o
nome cai como uma luva), deu de
cara com três homens carregando
rolos de fio elétrico. Quando ia
elogiando a expediência da equipe, descobriu que os três estavam
roubando os fios do autódromo.
Todo ano é a mesma ladainha.
Nas semanas que antecedem o
GP, a gente ouve dizer que vai
custar R$ 10 milhões para preparar Interlagos para a Fórmula 1.
Por algum motivo misterioso, a
conta sempre recai sobre o circo.
Em vez de ter manutenção periódica, Interlagos só é recauchutada na época do GP. Ao longo do
ano, o autódromo é usado para
corridas e testes de montadoras e
até para showmissas. E nenhum
dos envolvidos coloca a mãozinha no bolso.
Tente, caro leitor, reservar uma
data para usar o circuito. O calendário da pista está completamente lotado. Mas é só na época do
GP que alguém se lembra de que é
preciso tomar providências. Até
corridas de caminhão, que danificam o asfalto sobremaneira, são
realizadas no autódromo sem
que ninguém diga um ai.
E as montadoras, que são as
que mais usam e abusam da pista, ficam todas na moita, esperando que o rojão estoure em cima do contribuinte. Alô, dona
Nádia Comaneci Campeão de F-1! Que tal chamar as montadoras
para trocar uma idéia?
QUALQUER NOTA
Fora, Abracurcix!
O ativista José Bové, com sua
carranca de chefe da aldeia
do Astérix, acerta ao encrencar com cadeias de fast food,
que promovem a carnificina
de animais e o desmatamento. Mas vá ver o que acontece
se um brazuca pisotear um
canteiro de flores na França.
É deportado no ato.
Anti-sufragettes
Vai de vento em popa a
emancipação da mulher brasileira. No Rio, a popozuda
faz qualquer coisa por uma
joinha da H. Stern. E, na Bahia, a coreografia do Carnaval será na base de tapa na cara das moças. Só falta a paulista rasgar o título de eleitor.
E-mail: barbara@uol.com.br
Internet: www.uol.com.br/barbaragancia/
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