São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2001

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BARBARA GANCIA

Montadoras que ponham a mão no bolso!

A São Paulo Fashion Week, que rola no Ibirapuera, é um belo exemplo da capacidade tapuia de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.
Descontado o fator Gisele Bündchen, que deu uma senhora alavancada na nossa mixórdia, se olharmos para o interesse que a moda brasileira está despertando na imprensa estrangeira, perceberemos a milhagem percorrida.
Antes éramos enxotados dos desfiles europeus, sob a pecha de plagiadores e sanguessugas.
Quando houve a abertura das importações, nossa indústria têxtil arregaçou as mangas e investiu em maquinário e no desenvolvimento de uma personalidade própria. Passados dez anos, não só o segmento tomou fôlego como atraiu a atenção de curiosos ultramarinos.
Pois é, nossa Fashion Week é um sucesso e coisa e tal. Mas em termos monetários, se comparada a outro evento que agita a cidade a cada início de ano, a semana da moda não passa de um pintinho molhado na chuva. Sim, falo do GP de F-1.
A administração Marta Suplicy encontrou o autódromo de Interlagos em frangalhos. Consta que, em sua primeira visita ao autódromo, a nova secretária municipal dos Esportes, a engenheira agrônoma Nádia Campeão (o nome cai como uma luva), deu de cara com três homens carregando rolos de fio elétrico. Quando ia elogiando a expediência da equipe, descobriu que os três estavam roubando os fios do autódromo.
Todo ano é a mesma ladainha. Nas semanas que antecedem o GP, a gente ouve dizer que vai custar R$ 10 milhões para preparar Interlagos para a Fórmula 1. Por algum motivo misterioso, a conta sempre recai sobre o circo.
Em vez de ter manutenção periódica, Interlagos só é recauchutada na época do GP. Ao longo do ano, o autódromo é usado para corridas e testes de montadoras e até para showmissas. E nenhum dos envolvidos coloca a mãozinha no bolso.
Tente, caro leitor, reservar uma data para usar o circuito. O calendário da pista está completamente lotado. Mas é só na época do GP que alguém se lembra de que é preciso tomar providências. Até corridas de caminhão, que danificam o asfalto sobremaneira, são realizadas no autódromo sem que ninguém diga um ai.
E as montadoras, que são as que mais usam e abusam da pista, ficam todas na moita, esperando que o rojão estoure em cima do contribuinte. Alô, dona Nádia Comaneci Campeão de F-1! Que tal chamar as montadoras para trocar uma idéia?

QUALQUER NOTA

Fora, Abracurcix!
O ativista José Bové, com sua carranca de chefe da aldeia do Astérix, acerta ao encrencar com cadeias de fast food, que promovem a carnificina de animais e o desmatamento. Mas vá ver o que acontece se um brazuca pisotear um canteiro de flores na França. É deportado no ato.

Anti-sufragettes
Vai de vento em popa a emancipação da mulher brasileira. No Rio, a popozuda faz qualquer coisa por uma joinha da H. Stern. E, na Bahia, a coreografia do Carnaval será na base de tapa na cara das moças. Só falta a paulista rasgar o título de eleitor.

E-mail: barbara@uol.com.br

Internet: www.uol.com.br/barbaragancia/



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