São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2004

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Pescador paga para utilizar barco precário

DA AGÊNCIA FOLHA, NA

PRAIA DE QUIXABA (CE)

Em barcos precários que não dispõem de nenhum equipamento de segurança, os pescadores da praia de Quixaba, em Aracati (CE), chegam ao mar de madrugada à procura de camarão.
Vanildo da Silva, 30, aprendeu o ofício com o pai e desde os nove anos vai para o mar pescar. Mas ele não tem um barco próprio.
Assim como outros pescadores, como pagamento pelo uso de seu instrumento de trabalho, ele é obrigado a vender todo o camarão grande pescado, mais valorizado comercialmente, para o dono do barco, a R$ 2,50. Esse mesmo quilo de camarão é revendido a R$ 16.
Vanildo trabalha com Francisco Pereira da Silva, 32. No dia 13 de janeiro, eles pescaram 10 kg de camarão grande, o que rendeu a cada um R$ 12,50, após 12 horas de trabalho. O rendimento aumenta com a venda do camarão pequeno, que não é repassado ao dono do barco. O quilo é vendido a R$ 4.
Apesar de bastante precário, o barco a motor é sonho de consumo e esperança de ascensão social para os pescadores. Custa, em média, R$ 25 mil. Até uma pequena jangada a vela é desejada. Valor mínimo: R$ 1.000.
Dono de dois barcos a motor, Manuel (que não falar o sobrenome), 49, reclama do alto custo da manutenção e da falta de financiamento. "Muita gente de fora acredita que o dono de barco ganha muito, porque compra o camarão a R$ 2,50 e vende a R$ 16, mas disso aí é preciso descontar os gastos com óleo diesel, consertos e compra de equipamentos. No fim, não sobra quase nada."
Os pescadores se uniram em uma associação comunitária para entrar na Justiça contra a portaria. (KF)


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