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Pescador paga para utilizar barco precário
DA AGÊNCIA FOLHA, NA
PRAIA DE QUIXABA (CE)
Em barcos precários que
não dispõem de nenhum
equipamento de segurança,
os pescadores da praia de
Quixaba, em Aracati (CE),
chegam ao mar de madrugada à procura de camarão.
Vanildo da Silva, 30,
aprendeu o ofício com o pai
e desde os nove anos vai para
o mar pescar. Mas ele não
tem um barco próprio.
Assim como outros pescadores, como pagamento pelo uso de seu instrumento de
trabalho, ele é obrigado a
vender todo o camarão
grande pescado, mais valorizado comercialmente, para
o dono do barco, a R$ 2,50.
Esse mesmo quilo de camarão é revendido a R$ 16.
Vanildo trabalha com
Francisco Pereira da Silva,
32. No dia 13 de janeiro, eles
pescaram 10 kg de camarão
grande, o que rendeu a cada
um R$ 12,50, após 12 horas
de trabalho. O rendimento
aumenta com a venda do camarão pequeno, que não é
repassado ao dono do barco.
O quilo é vendido a R$ 4.
Apesar de bastante precário, o barco a motor é sonho
de consumo e esperança de
ascensão social para os pescadores. Custa, em média,
R$ 25 mil. Até uma pequena
jangada a vela é desejada.
Valor mínimo: R$ 1.000.
Dono de dois barcos a motor, Manuel (que não falar o
sobrenome), 49, reclama do
alto custo da manutenção e
da falta de financiamento.
"Muita gente de fora acredita que o dono de barco ganha muito, porque compra o
camarão a R$ 2,50 e vende a
R$ 16, mas disso aí é preciso
descontar os gastos com
óleo diesel, consertos e compra de equipamentos. No
fim, não sobra quase nada."
Os pescadores se uniram
em uma associação comunitária para entrar na Justiça
contra a portaria.
(KF)
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