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SAÚDE
Empresa está reconstruindo linhas de alta-tensão; moradores vêem perigo
Eletropaulo retoma obra polêmica
DA REPORTAGEM LOCAL
A Eletropaulo retomou no último dia 27 de janeiro as obras de
reconstrução de duas linhas de alta-tensão que, desde 2001, causam
polêmica em bairros residenciais
de alto padrão do sudoeste da capital. A empresa conseguiu cassar
uma liminar favorável aos moradores, que temem riscos à saúde,
obtida no fim do ano passado.
Associações de bairro da região
contestam as obras apontando
que a expansão da tensão das linhas, que saltaria de 88 kV para
138 kV, causará um aumento dos
campos magnéticos -segundo
afirmam, esse fato está associado
a casos de câncer, principalmente
a leucemia.
A Eletropaulo diz que os campos gerados são seguros e que a
obra nas linhas, que ligam as subestações Bandeirantes e Pirituba, é uma medida para diminuir
os riscos de um futuro apagão. Segundo a empresa, beneficiará
mais de 2 milhões de pessoas.
Na ação que corre na Justiça de
São Paulo, as entidades usam como argumento informações da
OMS (Organização Mundial da
Saúde), de agências e de órgãos
europeus. "Vamos lutar para
manter a qualidade de vida", afirma Aristheu Amaral Rosa, engenheiro eletricista que mora na região e faz parte do conselho da Sociedade Amigos do Boaçava. Ele
participou de medições feitas pelo
Instituto de Eletrotécnica da USP
antes das obras de expansão, que
apontou que a intensidade dos
campos era de 30 miliGauss.
"Nos países desenvolvidos, são
permitidos valores bem baixos,
na Suíça são 2 miliGauss, por
exemplo", afirmou Rosa.
Outro lado
O vice-presidente técnico da
Eletropaulo, Cyro Vicente Boccuzzi, disse que as alegações dos
moradores são "besteira". "A Eletropaulo adota padrões internacionalmente utilizados", afirmou.
De acordo com Boccuzzi, uma
pesquisa realizada dentro de um
programa da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e que
mediu todas as linhas da Eletropaulo mostrou que seus campos
eletromagnéticos são seguros. De
acordo com ele, participaram diferentes órgãos, como a Associação Paulista de Medicina e a Faculdade de Saúde Pública da USP.
As medições, afirma Boccuzzi,
revelaram campos "até 10 vezes
abaixo" dos limite aceitável, que é
de 800 miliGauss, afirmou.
O vice-presidente disse ainda
que a empresa, apesar de não ver
risco nas linhas, aceita enterrá-las,
reivindicação dos moradores,
desde que eles paguem mais por
isso. O custo da obra saltaria de
R$ 7 milhões para mais de R$ 15
milhões, calcula.
(FABIANE LEITE)
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