São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2005

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SAÚDE

Empresa está reconstruindo linhas de alta-tensão; moradores vêem perigo

Eletropaulo retoma obra polêmica

DA REPORTAGEM LOCAL

A Eletropaulo retomou no último dia 27 de janeiro as obras de reconstrução de duas linhas de alta-tensão que, desde 2001, causam polêmica em bairros residenciais de alto padrão do sudoeste da capital. A empresa conseguiu cassar uma liminar favorável aos moradores, que temem riscos à saúde, obtida no fim do ano passado.
Associações de bairro da região contestam as obras apontando que a expansão da tensão das linhas, que saltaria de 88 kV para 138 kV, causará um aumento dos campos magnéticos -segundo afirmam, esse fato está associado a casos de câncer, principalmente a leucemia.
A Eletropaulo diz que os campos gerados são seguros e que a obra nas linhas, que ligam as subestações Bandeirantes e Pirituba, é uma medida para diminuir os riscos de um futuro apagão. Segundo a empresa, beneficiará mais de 2 milhões de pessoas.
Na ação que corre na Justiça de São Paulo, as entidades usam como argumento informações da OMS (Organização Mundial da Saúde), de agências e de órgãos europeus. "Vamos lutar para manter a qualidade de vida", afirma Aristheu Amaral Rosa, engenheiro eletricista que mora na região e faz parte do conselho da Sociedade Amigos do Boaçava. Ele participou de medições feitas pelo Instituto de Eletrotécnica da USP antes das obras de expansão, que apontou que a intensidade dos campos era de 30 miliGauss.
"Nos países desenvolvidos, são permitidos valores bem baixos, na Suíça são 2 miliGauss, por exemplo", afirmou Rosa.

Outro lado
O vice-presidente técnico da Eletropaulo, Cyro Vicente Boccuzzi, disse que as alegações dos moradores são "besteira". "A Eletropaulo adota padrões internacionalmente utilizados", afirmou. De acordo com Boccuzzi, uma pesquisa realizada dentro de um programa da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e que mediu todas as linhas da Eletropaulo mostrou que seus campos eletromagnéticos são seguros. De acordo com ele, participaram diferentes órgãos, como a Associação Paulista de Medicina e a Faculdade de Saúde Pública da USP.
As medições, afirma Boccuzzi, revelaram campos "até 10 vezes abaixo" dos limite aceitável, que é de 800 miliGauss, afirmou.
O vice-presidente disse ainda que a empresa, apesar de não ver risco nas linhas, aceita enterrá-las, reivindicação dos moradores, desde que eles paguem mais por isso. O custo da obra saltaria de R$ 7 milhões para mais de R$ 15 milhões, calcula. (FABIANE LEITE)


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