São Paulo, quinta-feira, 02 de fevereiro de 2006

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INFÂNCIA

Corpo de menina foi encontrado pelos bombeiros em córrego de Canoas (RS); pai também é suspeito de participar do crime

Outra mãe é acusada de jogar bebê em riacho

Alex de Jesus/"O Tempo"
Recém-nascida abandonada na frente de uma casa em Belo Horizonte na madrugada de ontem


JOANA CUNHA
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma menina com apenas algumas horas de vida foi encontrada morta pelos bombeiros em um córrego na cidade de Canoas, a 177 km de Porto Alegre. A principal suspeita de ter jogado a criança no local, conhecido como Vale do Leão, é a mãe, Regina Elaine Pereira, 30, que foi presa.
Ela havia sido acusada de matar outro filho em circunstâncias semelhantes, em dezembro de 2001. O processo foi arquivado dois anos depois por falta de provas.
Segundo a polícia, o crime foi cometido no domingo -um dia depois de outra menina, de apenas dois meses, ter sido resgatada com vida na lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. A criança, que recebeu o nome de Letícia, passa bem. Nesse caso, a mãe também é a principal acusada de tê-la jogado no local e está presa.
A polícia de Canoas desconfia da participação do pai da criança, Paulo Ricardo Pires dos Santos, 42, no crime. A delegada Patrícia Tolotti Rodrigues, que estava de plantão no dia do resgate, pediu também a prisão preventiva dele, mas a Justiça não acatou o pedido.
Segundo o delegado Marcínio Tavares Neto, um dos responsáveis pela investigação, os bombeiros foram acionados por uma vizinha, que disse suspeitar que a mãe havia jogado a criança recém-nascida no córrego.
Tavares Neto informou que a vizinha ficou desconfiada porque, de um dia para o outro, Regina apareceu sem barriga e não havia nenhuma criança.
No depoimento dado à polícia, a mãe afirmou que o bebê nasceu morto. Ela disse ter feito o "parto sozinha, de cócoras, sem ajuda de ninguém". Pela versão apresentada, a criança caiu no chão e, em seguida, a mãe apenas cortou o cordão umbilical, colocou-a na sacola e a levou até o córrego.
Segundo o delegado, será feita uma necropsia para descobrir se a menina realmente estava morta antes de ser atirada na água. Ele não soube dizer se Regina já havia contratado advogado.
O marido de Regina disse que não sabia da gravidez e que não estava em casa no momento do parto. O casal tem outra filha, de seis anos, que está sob a guarda de familiares e com acompanhamento do Conselho Tutelar.
O Ministério Público informou que aguardará a conclusão do inquérito policial para analisar se pedirá a prisão do pai do bebê.

Prisão relaxada
A vendedora Simone Cassiano da Silva, 29, indiciada sob suspeita de jogar a filha de dois meses na lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, teve o pedido de relaxamento de prisão negado ontem pela Justiça mineira.
O advogado disse que o episódio configura abandono de incapaz, e não tentativa de homicídio qualificado, crime mais grave pelo qual Silva foi indiciada. "Ninguém tenta matar ninguém jogando a pessoa na lagoa", disse.


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