|
Próximo Texto | Índice
29% dos alunos de 2ª série da prefeitura não sabem o que lêem
Prova aplicada em novembro mostra que 29% deles não conseguem responder a questões de português e matemática
Na 4ª série, 26,9% também tiveram dificuldades; para prefeitura, "a situação ainda é ruim", mas melhor do que a esperada
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma prova aplicada nas escolas municipais de São Paulo
em novembro apontou que cerca de 29% dos alunos da segunda série do ensino fundamental
estão com um nível de aprendizado crítico. Não conseguiram
nem responder às questões de
português e matemática.
Na prática, segundo relatório
da própria Secretaria de Educação, ao ler um documento, esses alunos não são capazes de
identificar, por exemplo, que se
trata de uma conta de água.
Têm também dificuldades para
entender o contexto de uma
história em quadrinhos.
Os resultados da Prova São
Paulo mostram também que
boa parte dos alunos da quarta
série (26,9%) também está
muito abaixo do esperado para
sua etapa de ensino.
O desempenho dos alunos da
8ª série foi um pouco mais animador. Na comparação com
prova semelhante aplicada em
2005, os alunos paulistanos
conseguiram notas melhores
(226,5 pontos para 241). A média nacional é 221,87.
Na segunda série, dos 29,7%
que ficaram no chamado patamar crítico, 14,6% são considerados "não-alfabéticos". Ou seja, ainda não têm idéia de como
funciona a língua portuguesa.
Em São Paulo, os alunos da
segunda série não são reprovados por conta da progressão
continuada. Eles só podem ser
retidos a partir da quarta série.
O secretário de Educação,
Alexandre Schneider, que divulgou ontem os dados ao lado
do prefeito Gilberto Kassab
(DEM), afirma que a "a situação ainda é ruim", mas melhor
do que esperava.
Segundo ele, um exame feito
na rede por amostragem em
2005 revelou números piores
-a taxa de não-alfabéticos estava na casa dos 30%.
"Tenho convicção de que as
políticas adotadas deram base
para que haja um salto de qualidade em breve", afirmou.
No evento, Kassab fez um balanço otimista dos resultados.
Disse que os resultados foram
"bem positivos", pois "mostra
que avançamos em qualidade".
A prefeitura afirma que os
alunos que estão em situação
crítica terão um programa de
reforço especial, com materiais
didáticos específicos e treinamento de professores.
Educadores, porém, afirmam
que isso não é suficiente e que
faltam investimentos na infra-estrutura, principalmente para
diminuir o número de alunos
em salas de aulas.
"A Unesco diz que um professor dá conta, no máximo, de
25 alunos. A secretaria vem e
coloca 40 em uma sala de aula.
Depois faz uma provinha e vai
ver se aprendeu. Claro que não
aprendeu", afirmou o professor
da Faculdade de Educação da
USP, Vitor Paro. A prefeitura
diz que vai melhorar a parte física da rede.
Melhora
A Prova São Paulo (que analisou também quarta, sexta e oitava séries) foi ajustada para
ser comparada à Prova Brasil,
exame do governo federal, cuja
primeira edição foi aplicada em
2005 na 4ª e na 8ª séries.
No intervalo analisado (2005
a 2007), não houve mudanças
significativas na 4ª série. Já na
8ª, São Paulo subiu de 226,5
pontos para 241 (variação de
14,5 pontos) em leitura.
Schneider, porém, foi comedido ao comentar a variação.
Segundo ele, pode ter havido
pequenas diferenças na aplicação das provas, o que refletiria
nos resultados. "Ainda estamos
analisando. Seria desonesto dizer que tenho certeza de que
demos um salto tão grande em
tão pouco tempo", afirmou.
Schneider diz que outros
programas, além do reforço,
irão trazer benefícios para a rede. Ele cita, por exemplo, a própria prova, que fornecerá às escolas os resultados de cada aluno -os outros exames do gênero mostram o desempenho só
da escola como um todo.
A secretaria não divulgou os
desempenhos das escolas nem
das regiões da cidade. Disse que
se comprometeu com a rede a
não fazer rankings.
Próximo Texto: Excesso de alunos nas salas é um dos maiores problemas, dizem especialistas Índice
|