São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Excesso de alunos nas salas é um dos maiores problemas, dizem especialistas

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Profissionais da rede e especialistas apontam o alto número de alunos nas salas de aula como um dos problemas mais graves da educação municipal.
"Não dá para trabalhar com 45 alunos nas salas, como hoje. O máximo tem que ser entre 30 e 35", diz o professor Adelson Queiroz, do Sindicato dos Profissionais de Ensino em Educação Municipal de São Paulo.
Para Queiroz, a eliminação do terceiro turno de aulas até o fim do ano, meta da gestão Kassab para 2008, depende, além da construção de novas escolas, do investimento em qualificação dos professores.
"Se houver condições de salário para que o professor não precise trabalhar em duas ou três escolas, será viável", diz.
O professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), Vítor Paro, diz que o modelo do município é "de dois séculos atrás".
"Essas provas não explicam e nem apresentam nada", diz Paro, que criticou o exame. "Esse tipo de prova revela o que qualquer pessoa poderia descobrir sozinha: que os alunos não sabem ler", diz.
A avaliação da pedagoga Silvia Colello, autora dos livros "Alfabetização em questão" (2004) e "A escola que não ensina a escrever" (2007), é positiva. "85% de alunos alfabéticos na segunda série é um número bom", diz Colello, que acredita que o processo de alfabetização se conclui ao longo das quatro primeiras séries.
Outro dado -os 4% de não-alfabéticos na quarta série- preocupa mais a professora. "Esses são alunos que vão sendo abandonados pelo sistema ao longo do processo".
Os dados da prova podem ser "balizadores" para que as escolas reestruturem a "orientação de recuperação, abordagem de conteúdos, acompanhamento individualizado e horários", afirma o professor da USP Romualdo Portela.
No entanto, Portela acha pouco confiáveis dados obtidos em provas do tipo para alunos abaixo da quarta série. "Um aluno da segunda série é muito mais susceptível a dificuldades de interpretação; 15% de não-alfabéticos podem não representar problema de cognição".


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