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Cinco morrem a cada dia em estradas de MG
Líder em acidentes no país, com 105 diários, Estado tem índices de violência comparáveis aos do crime no Rio, que mata 4 por dia
Especialistas divergem sobre as causas dos acidentes em Minas Gerais, Estado que tem a maior malha rodoviária do país
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA
Maior malha rodoviária do
Brasil, Minas Gerais tem índices de violência nas estradas
comparáveis aos da violência
urbana em metrópoles. Líder
em acidentes no país, com média de 105 por dia entre rodovias federais e estaduais, Minas
registra, diariamente, cinco
mortes nas estradas, em média.
No Rio, quatro pessoas são assassinadas por dia, em média.
Dados de uma série histórica
da Superintendência da PRF
(Polícia Rodoviária Federal) no
Estado apontam que, de janeiro de 2005 a outubro do ano
passado, 4.202 pessoas morreram nas rodovias federais que
cortam Minas. O número é 41%
superior ao de mortos no atentado contra o World Trade
Center, nos EUA.
As estatísticas completas de
2008 devem ser concluídas pela PRF nesta semana. Se seguirem a média, indicarão um
crescimento de pelo menos
22% em relação a 2005.
Explicações sobre o volume
de mortos não podem deixar de
fora a extensão da malha de
mais de 24 mil quilômetros de
rodovias pavimentadas. Mas as
causas dividem opiniões.
Perito criminal em Minas na
área de acidentes de trânsito,
Paulo Ademar de Souza Filho
põe 90% da responsabilidade
dos acidentes nos motoristas
-interpretação igual à da PRF.
Ele cita como exemplo o trecho de 100 km entre Belo Horizonte e João Monlevade, na
BR-381, com muitas curvas,
mas com boa sinalização. O trecho é considerado o mais mortífero da mais mortífera das rodovias mineiras. Das 4.202
mortes registradas desde 2005,
1.149 ocorreram na BR-381.
"As pessoas têm que se adaptar aos trechos", diz Souza Filho. Posição oposta é defendida
por Daniel Presta García, doutor em engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Ele se dedica a analisar o
traçado das estradas.
Segundo ele, as rodovias brasileiras, de maneira geral, sofrem de um problema estrutural: foram projetadas com parâmetros ultrapassados, em que a
velocidade para a maioria dos
trechos é de 60 km/h.
García defende que as rodovias sejam adaptadas aos condutores. Para ele, há duas soluções para o problema. A menos
viável seria a da mudança de
cultura do motorista, "o que levaria anos". A melhor alternativa, segundo o engenheiro, rebate a posição de Souza Filho.
"É a estratégia do "traffic calming" [abrandamento do tráfego], que permite alterar o padrão de utilização da rodovia
com alguns elementos básicos,
como sinalização extra."
Há mais de 30 anos estudando rodovias mineiras, o engenheiro Salvador Alves Nogueira segue a análise de García. "As
maiores responsáveis pelos acidentes em Minas são as rodovias mal projetadas, mal construídas e mal conservadas."
Para 2009, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) prevê investimentos de R$ 828 milhões
em MG. O valor é 32% menor
que o previsto no orçamento de
2008. No ano passado, a previsão era investir R$ 1,21 bilhão.
O Dnit diz ter investido R$ 356
milhões -29% do previsto.
O secretário-adjunto de
Transportes de MG, João Antônio Fleury Teixeira, diz que a
principal estratégia na área é o
Pro-MG (Programa de Recuperação e Manutenção Rodoviária de MG). Implantado em
2004, o programa consiste em
firmar contratos com empresas
interessadas em cuidar da recuperação e manutenção de estradas por quatro anos. Ao longo do contrato, é feito um
acompanhamento semanal.
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