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Foco
Filmagem de tiroteio em "Tropa de Elite 2" assusta moradores de favela no Rio
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
Quarenta policiais do Bope
(Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) seguram fuzis e seguem o "caveirão" (carro blindado da
PM) que vai subir a favela.
Helicópteros sobrevoam a
área. Há som de tiros de fuzil,
numa área em que traficantes
armados foram expulsos.
Corta. "Vai repetir?", pergunta o PM Fábio Eustáquio.
Ele é um dos "policiais-atores" de "Tropa de Elite 2",
que, para gravar uma cena,
criou clima de operação policial no morro Dona Marta,
em Botafogo, zona sul do Rio,
ontem pela manhã.
O som de tiros de fuzil calibre 762 assustou moradores
da favela, pacificada há um
ano, e de bairros próximos,
como Laranjeiras.
"Fiquei quietinha, abaixada na sala de casa", conta a
dona de casa Graça Oliveira,
60, moradora do Dona Marta
há 37 anos. "Daí criei coragem, peguei o telefone e liguei
para a vizinha." Pouco depois,
descobriu que era um filme.
"A gente já viu tanta coisa que
tem medo", conta.
A cena foi repetida a manhã
toda na rua de acesso à favela.
Os moradores tinham de esperar o aviso da produção para passar por ali. "É desrespeito com a gente", diz Maria
Francisca da Silva, moradora
da comunidade há 22 anos.
Ela ficou meia hora com as
sacolinhas do mercado na
calçada à espera do "ok" da
produção para subir a rua e
preparar o almoço.
De um prédio numa rua
próxima, em Botafogo, Francisquinha da Silva, 60, costurava no sofá e se assustou.
"Mas espiei da janela e vi uns
equipamentos passando. Daí
entendi que era mentirinha."
A produção do filme avisou
à associação de moradores do
Dona Marta que, por alto-falante, afirma ter comunicado
a população sobre as cenas.
Nas filmagens do longa de
José Padilha, 85 policiais e
membros das Forças Armadas trabalharam como atores.
Na maioria dos casos, usavam
fuzis de mentira, em fibra de
vidro. As armas verdadeiras
estavam "frias", sem balas.
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