São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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Outra idosa morre após trote do seqüestro

Aposentada de 70 anos de Americana (SP) passou mal no sábado, quando foi vítima do golpe, e morreu ontem, de infarto

Foi o segundo caso no Estado; em fevereiro, moradora de São Caetano também teve infarto após ouvir que o filho fora pego

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Uma aposentada de 70 anos morreu ontem de infarto, em Americana (128 km de São Paulo), cinco dias depois de passar mal por ter caído no golpe do falso seqüestro.
Foi o segundo caso desse tipo registrado no Estado neste ano. No dia 12 de fevereiro, uma aposentada de 67 anos, moradora de São Caetano do Sul (Grande SP), também teve um infarto e morreu após receber um trote dizendo que seu filho havia sido seqüestrado.
No último sábado, criminosos ligaram no telefone fixo de Rosalina Ribeiro Regis e disseram que a filha dela, de 30 anos, havia sido seqüestrada.
A aposentada, que é viúva, estava sozinha em casa, no bairro Cidade Jardim, de classe média baixa, quando recebeu o telefonema a cobrar.
Inicialmente, os falsos seqüestradores tentaram fazer com que ela pagasse R$ 10 mil. Como ela disse não ter a quantia, foi então convencida pelos criminosos a não desligar o telefone e comprar três cartões telefônicos. Rosalina voltou em dez minutos, raspou a numeração dos cartões e passou os dados aos criminosos.
Os golpistas ordenaram que ela comprasse mais três cartões. Desesperada por ter ouvido gritos de mulher do outro lado da linha, ela obedeceu. Cada cartão custou R$ 30 -a aposentada gastou R$ 180 ao todo.
Após passar a numeração dos outros cartões, Rosalina foi orientada a jogá-los no vaso sanitário. "Agora você pode ligar para a sua filha no celular", disseram os homens.
Rosalina telefonou para a filha, que passeava com o namorado em Campinas, e constatou que ela estava bem. Em seguida, começou a sentir dores no peito e sua pressão subiu.
A aposentada foi medicada no mesmo dia no Hospital Municipal de Americana. Passou mal de novo na segunda-feira e retornou ao hospital. Recebeu alta no mesmo dia, mas foi encontrada morta pela filha no banheiro às 5h de ontem, vítima de infarto fulminante.
"Ela passou a semana em estado de choque por causa desse telefonema. Não assistia mais televisão. Ficou muito triste. Ela sempre teve uma saúde boa e nunca teve problemas cardíacos", disse o namorado da filha de Rosalina, o empresário João Batista Domingues Godoy, 50.
Segundo Godoy, a filha de Rosalina não tinha condições de falar sobre o caso ontem.
"Ela ficou transtornada e traumatizada. Com toda a certeza ela [Rosalina] morreu em decorrência desse telefonema", disse Godoy. Rosalina foi enterrada ontem no cemitério municipal de Americana, sob clima de comoção de familiares, vizinhos e amigos.
Segundo a polícia paulista, de 1º de janeiro a 14 de fevereiro, 3.150 pessoas registraram casos de golpe do seqüestro no Estado.


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