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Alunos acusam PM de obrigá-los a se despir
Segundo a Secretaria da Educação de Goiás, constrangimento aconteceu durante revista policial em escola de Goiânia
Direção de colégio estadual não se manifestou sobre o assunto; ação policial foi pedida após sumiço de
R$ 945 em uma sala de aula
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
Alunos de uma escola estadual de Goiânia (GO), com idades a partir de 15 anos, afirmam
que foram obrigados a tirar a
roupa durante uma revista da
Polícia Militar no colégio, na
última segunda-feira.
A informação sobre a reclamação dos alunos é da Secretaria da Educação de Goiás. A
pasta diz que o Batalhão Escolar da PM foi chamado depois
que o dinheiro arrecadado por
uma turma para a confecção de
camisetas (R$ 945) foi furtado.
Os meninos foram separados
das meninas por policiais, segundo a secretaria. Alguns garotos, de pelo menos três salas
de aula diferentes, foram apontados pela direção da escola para a revista. Eles tiveram que tirar camisas e calças, segundo o
relato que fizeram. Um garoto
de 15 anos que foi abordado pelos policiais afirma que todos ficaram nus.
Mesmo com a operação, o dinheiro furtado não foi achado.
A Polícia Militar e a secretaria
não souberam informar quantos alunos foram revistados.
O Ministério Público do Estado decidiu investigar a operação da PM. A Secretaria da
Educação diz que houve abuso
de autoridade e violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente por parte dos policiais.
Famílias de alunos também reclamam de truculência na ação.
Para o superintendente de
Ensino Especial e Educação Inclusiva do órgão, Sebastião Donizete Carvalho, a revista em
alunos foi "uma afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente". "A escola deve ser um
espaço de segurança. O pai deixa o filho lá esperando que não
vá sofrer nenhum tipo de agressão", diz Carvalho. "O ambiente
tem que ser sadio. Nesse procedimento, isso não aconteceu."
Carvalho avalia que a direção
da escola errou ao chamar a PM
para tratar de um caso que não
envolvia violência física ou tráfico de drogas. A diretoria do
colégio diz que não vai se manifestar sobre o assunto.
Carvalho diz que algumas famílias de estudantes acharam
correta a inspeção. "Mas outra
parte acha que isso não poderia
ter sido feito, porque o filho não
é bandido." Ele diz que a secretaria vai providenciar auxílio
psicológico para os alunos que
se sentiram agredidos pela PM.
O promotor Everaldo Sousa
diz "duvidar" que algo parecido
pudesse ocorrer em uma região
nobre. "A situação é séria pela
forma onde foi feita e pelo local.
Nunca tinha ouvido falar de nada parecido."
Estudam na Escola Estadual
Albert Sabin 938 alunos dos ensinos fundamental e médio. Ela
fica na periferia da cidade.
Com colaboração para a Agência Folha,
em Goiânia
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