São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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Alunos acusam PM de obrigá-los a se despir

Segundo a Secretaria da Educação de Goiás, constrangimento aconteceu durante revista policial em escola de Goiânia

Direção de colégio estadual não se manifestou sobre o assunto; ação policial foi pedida após sumiço de R$ 945 em uma sala de aula


FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

Alunos de uma escola estadual de Goiânia (GO), com idades a partir de 15 anos, afirmam que foram obrigados a tirar a roupa durante uma revista da Polícia Militar no colégio, na última segunda-feira.
A informação sobre a reclamação dos alunos é da Secretaria da Educação de Goiás. A pasta diz que o Batalhão Escolar da PM foi chamado depois que o dinheiro arrecadado por uma turma para a confecção de camisetas (R$ 945) foi furtado.
Os meninos foram separados das meninas por policiais, segundo a secretaria. Alguns garotos, de pelo menos três salas de aula diferentes, foram apontados pela direção da escola para a revista. Eles tiveram que tirar camisas e calças, segundo o relato que fizeram. Um garoto de 15 anos que foi abordado pelos policiais afirma que todos ficaram nus.
Mesmo com a operação, o dinheiro furtado não foi achado. A Polícia Militar e a secretaria não souberam informar quantos alunos foram revistados.
O Ministério Público do Estado decidiu investigar a operação da PM. A Secretaria da Educação diz que houve abuso de autoridade e violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente por parte dos policiais. Famílias de alunos também reclamam de truculência na ação.
Para o superintendente de Ensino Especial e Educação Inclusiva do órgão, Sebastião Donizete Carvalho, a revista em alunos foi "uma afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente". "A escola deve ser um espaço de segurança. O pai deixa o filho lá esperando que não vá sofrer nenhum tipo de agressão", diz Carvalho. "O ambiente tem que ser sadio. Nesse procedimento, isso não aconteceu."
Carvalho avalia que a direção da escola errou ao chamar a PM para tratar de um caso que não envolvia violência física ou tráfico de drogas. A diretoria do colégio diz que não vai se manifestar sobre o assunto.
Carvalho diz que algumas famílias de estudantes acharam correta a inspeção. "Mas outra parte acha que isso não poderia ter sido feito, porque o filho não é bandido." Ele diz que a secretaria vai providenciar auxílio psicológico para os alunos que se sentiram agredidos pela PM.
O promotor Everaldo Sousa diz "duvidar" que algo parecido pudesse ocorrer em uma região nobre. "A situação é séria pela forma onde foi feita e pelo local. Nunca tinha ouvido falar de nada parecido."
Estudam na Escola Estadual Albert Sabin 938 alunos dos ensinos fundamental e médio. Ela fica na periferia da cidade.


Com colaboração para a Agência Folha, em Goiânia


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