São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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Ginecologista é preso sob suspeita de recuperar droga em corpo de grávida

Médico foi preso em flagrante sob acusação de associação com o tráfico

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ginecologista foi preso em Assis (a 427 km de SP) acusado de recuperar um pacote de maconha que uma grávida havia escondido na vagina. A polícia acredita que, após ajudá-la com a retirada, o médico iria entregar a droga a traficantes.
A polícia diz que a acusação contra o médico Aristides Giansante se baseia na confissão da grávida, Maria José de Albuquerque, 32, que teria sido contratada para transportar drogas. O flagrante foi feito no hospital, onde foram achadas as 130 gramas de maconha, segundo a polícia, que diz ter recebido uma denúncia anônima.
Segundo a polícia, foram encontrados R$ 8.000 com três pessoas que acompanhavam a mulher, e o dinheiro seria usado para pagar o médico. O caso aconteceu na terça. A mulher recebeu voz de prisão, mas continuou internada e teve o bebê -uma menina. "Ela chegou de madrugada à rodoviária de Assis, foi ao banheiro e tentou retirar a droga. Não conseguiu e acabou rasgando o pacote", disse o delegado Carlos Fracasso.
No consultório do médico, a secretária disse não saber nada sobre a prisão e que não poderia fornecer o contato da família ou de um advogado. A polícia disse que Giansante está preso em Gália (393 km de SP).
A Santa Casa de Assis diz que comunicou o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) sobre a prisão do médico e que também investiga o caso.
"Não sabemos o que aconteceu. O que achamos estranho é que o médico atendeu a portas fechadas, sem enfermeira, sem registrar ficha de atendimento ambulatorial", disse Paulo Nogueira Salvaro, procurador jurídico do hospital. Salvaro afirmou que o médico não pertencia ao quadro da Santa Casa, mas que usava o local para atendimentos havia 15 anos.
Para o Cremesp, a prisão do médico é "um caso difícil". "O médico pode alegar que respeitou o sigilo da paciente, mas pode ser condenado se ficar provado que ajudou no esquema de tráfico", diz Renato Azevedo, vice-presidente do conselho.
Segundo ele, se o médico estava apenas prestando socorro, não deveria denunciar o caso à polícia. "Nesse caso, o que fazer com o pacote é complicado. Eu talvez devolvesse a ela esse corpo estranho retirado."
O sigilo médico, diz ele, pode ser quebrado se o cliente oferece risco a terceiros -como um psiquiatra que denuncia um pedófilo que continua agindo.


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