São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

E-mails sobre negócios do governo são enviados a Luís Favre porque ela não os abre todos os dias, diz a prefeita

Marta nega intermediação de namorado

DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), confirmou ontem que costuma receber correspondências eletrônicas pelo endereço de e-mail de seu namorado, o franco-argentino Luís Favre, mas negou que o fato de o companheiro ter acesso a informações da administração pública lhe dê algum poder de intervenção nos assuntos da prefeitura paulistana.
"Ele não é interlocutor. Eu não abro meu e-mail todos os dias. Então, às vezes, quando eles (assessores) têm receio de eu não abrir, enviam para o e-mail dele. Porque ele abre e me dá. Essa é a única participação [de Favre". Não há nenhuma intervenção."
Ontem, a Folha divulgou o conteúdo de um e-mail enviado pela agência de publicidade que trabalha para a gestão petista para o endereço pessoal de e-mail de Favre.
O documento -de autoria de Celso Marcondes, da agência de publicidade Agnelo Pacheco- trazia o seguinte cabeçalho: "Marta, (via Luís)".
A correspondência detalha os passos de um plano publicitário para o que Marcondes chama de "guerra da educação". Trata-se de uma estratégia de marketing contra a crise provocada pela aprovação, no ano passado, de projeto da administração que incluiu novos gastos na verba obrigatória da educação, questão que levou à expulsão do vereador Carlos Giannazi do partido.
A estratégia, de acordo com o e-mail, deve incluir "cavar artigos assinados" [pró-Marta, em jornais", "café da manhã de Eny [Maia, secretária da Educação] com editores [da imprensa] na área", "visita de Eny às redações", "folheto do PT", "folheto da PMSP" (prefeitura) e "agenda de Marta privilegiando a área".
"O e-mail foi enviado para a minha casa e dirigido a mim. Se forem ver o conteúdo, ele é absolutamente dirigido a mim", completou Marta.
Ontem, ao participar de um show promovido pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) em São Miguel Paulista (zona leste de SP), Marta repetiu as palavras do publicitário, afirmando que a tal "guerra da educação" é necessária para "restabelecer a verdade" sobre o projeto petista na área.
"Na área da educação, há um esforço da prefeitura, mas tem ocorrido uma tradução equivocada do nosso esforço. A prefeitura aumentou a verba da educação, mas os meios de comunicação têm dito que diminuiu, têm colocado isso de forma errada", disse Marta.
Ela afirma que os gastos com a área pularão de 30% para 31% do Orçamento (de R$ 1,2 bilhão em 2001 para R$ 1,8 bilhão este ano).
"O que houve foi a inclusão de coisas que não estavam incluídas nesses gastos e que alguns vereadores são contra: Renda Mínima, uniforme, material, transporte escolar. Por quê? Porque a política econômica de Fernando Henrique levou o trabalhador a uma pobreza como nunca esteve. Mas, infelizmente, a mídia não está colocando tudo isso. Então, precisamos de uma estratégia de guerra, sim. Para que a mídia entenda e leve a verdade para o cidadão comum. Estratégia de guerra, sim."
(SÍLVIA CORRÊA)

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