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ADMINISTRAÇÃO
E-mails sobre negócios do governo são enviados a Luís Favre porque ela não os abre todos os dias, diz a prefeita
Marta nega intermediação de namorado
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), confirmou ontem
que costuma receber correspondências eletrônicas pelo endereço
de e-mail de seu namorado, o
franco-argentino Luís Favre, mas
negou que o fato de o companheiro ter acesso a informações da administração pública lhe dê algum
poder de intervenção nos assuntos da prefeitura paulistana.
"Ele não é interlocutor. Eu não
abro meu e-mail todos os dias.
Então, às vezes, quando eles (assessores) têm receio de eu não
abrir, enviam para o e-mail dele.
Porque ele abre e me dá. Essa é a
única participação [de Favre".
Não há nenhuma intervenção."
Ontem, a Folha divulgou o conteúdo de um e-mail enviado pela
agência de publicidade que trabalha para a gestão petista para o endereço pessoal de e-mail de Favre.
O documento -de autoria de
Celso Marcondes, da agência de
publicidade Agnelo Pacheco-
trazia o seguinte cabeçalho: "Marta, (via Luís)".
A correspondência detalha os
passos de um plano publicitário
para o que Marcondes chama de
"guerra da educação". Trata-se de
uma estratégia de marketing contra a crise provocada pela aprovação, no ano passado, de projeto da
administração que incluiu novos
gastos na verba obrigatória da
educação, questão que levou à expulsão do vereador Carlos Giannazi do partido.
A estratégia, de acordo com o e-mail, deve incluir "cavar artigos
assinados" [pró-Marta, em jornais", "café da manhã de Eny
[Maia, secretária da Educação]
com editores [da imprensa] na
área", "visita de Eny às redações",
"folheto do PT", "folheto da
PMSP" (prefeitura) e "agenda de
Marta privilegiando a área".
"O e-mail foi enviado para a minha casa e dirigido a mim. Se forem ver o conteúdo, ele é absolutamente dirigido a mim", completou Marta.
Ontem, ao participar de um
show promovido pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) em
São Miguel Paulista (zona leste de
SP), Marta repetiu as palavras do
publicitário, afirmando que a tal
"guerra da educação" é necessária
para "restabelecer a verdade" sobre o projeto petista na área.
"Na área da educação, há um esforço da prefeitura, mas tem ocorrido uma tradução equivocada do nosso esforço. A prefeitura aumentou a verba da educação, mas
os meios de comunicação têm dito que diminuiu, têm colocado isso de forma errada", disse Marta.
Ela afirma que os gastos com a
área pularão de 30% para 31% do
Orçamento (de R$ 1,2 bilhão em
2001 para R$ 1,8 bilhão este ano).
"O que houve foi a inclusão de
coisas que não estavam incluídas
nesses gastos e que alguns vereadores são contra: Renda Mínima,
uniforme, material, transporte escolar. Por quê? Porque a política
econômica de Fernando Henrique levou o trabalhador a uma
pobreza como nunca esteve. Mas,
infelizmente, a mídia não está colocando tudo isso. Então, precisamos de uma estratégia de guerra, sim. Para que a mídia entenda e
leve a verdade para o cidadão comum. Estratégia de guerra, sim."
(SÍLVIA CORRÊA)
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