|
Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Pesquisa do Ministério da Saúde com 85 mil dependentes revela que maioria é jovem, de baixa instrução e desempregada
80% dos usuários de drogas injetáveis já estiveram presos
LUCIANA CONSTANTINO
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde apresentou, em reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) no início de abril, um estudo mostrando que 80% dos usuários de drogas injetáveis já foram detidos ao
menos uma vez pela polícia.
O dado foi utilizado como argumento para defender a política do
ministério, que prevê a descriminalização do uso de drogas.
Pela primeira vez, técnicos da
Saúde participaram da reunião da
Comissão de Narcóticos da ONU,
realizada anualmente. Desde
1998, a delegação brasileira era
composta por integrantes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas). A exposição da Saúde,
feita para representantes de 115
países, defendeu a descriminalização do usuário e a adoção da
política de redução de danos.
Ou seja, o governo oferece equipamentos para o usuário poder
fazer aplicação da droga, por
exemplo. O objetivo é evitar contaminação, já que 85% deles dizem injetar drogas em grupo.
O resultado disso são as altas taxas de contaminação por HIV
(36,5%) e de hepatite C (56,4%). A
pesquisa foi feita pelo Ministério
da Saúde em parceria com a
UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais), nos anos de 1999 e
2001. A base do levantamento são
os 85 mil usuários de drogas injetáveis atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
De acordo com Denise Doneda,
da Coordenação Nacional de
Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids, a política de redução
de danos aliada ao trabalho de
agentes de saúde pode despertar
no usuário a consciência da necessidade de tratamento.
Essa proposta diverge das diretrizes da Senad. A Saúde não prega a abstinência e tolera o uso. Já a
secretaria impõe como "punição"
o tratamento obrigatório do
usuário para que ele fique "limpo" das drogas. O ministério defende a descriminalização do
usuário. A Senad acha que a sociedade não está pronta para isso.
Segundo a pesquisa, a maioria
dos usuários de drogas injetáveis
atendidos pelo SUS é jovem (18 a
30 anos), tem pouca instrução e
está desempregada (82%).
Com base nesses números, o
governo pretende expandir a rede
de Centros de Atendimento Psicossocial, voltados para usuários
de drogas e álcool. Hoje, existem
42 no país. A meta do ministério é
implantar mais 78 até dezembro.
Próximo Texto: Para técnica, foco deve ser o tratamento Índice
|